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Brasileira desenvolve embalagem comestível que prolonga a validade dos alimentos
Na corrida pelos produtos inteligentes e biodegradáveis, considerados como novas tendências do
mercado, o projeto de uma pesquisadora da Universidade de São Paulo (USP) representou um
significativo avanço para o país. A engenheira química paulista, Cynthia Ditchfield, 33 anos, acaba
de desenvolver uma embalagem comestível, biodegradável e resistente a micróbios. O trabalho da
pesquisadora, que é bolsista da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior do
Ministério da Educação (Capes/MEC), foi contemplado com o Prêmio Panamericano Bimbo em Nutrição,
Ciência e Tecnologia de Alimentos 2006, na categoria jovem profissional da América do Sul.
Composto de amido de mandioca e açúcares, o produto está sendo estudado desde o início deste
ano e já despertou o interesse de importantes empresas do setor alimentício. A intenção da
pesquisadora era desenvolver uma embalagem ativa, ou seja, que pudesse interagir com o produto.
Além disso, Ditchfield também se preocupou com a utilidade do produto e propôs um material que
pudesse inibir a proliferação de micróbios. "Acrescentamos ingredientes naturais à embalagem
comestível, como pimenta, canela e extrato de própolis. Esses ingredientes inibem ou retardam o
crescimento de microrganismos", explicou. O caráter antimicrobiano da embalagem promete aumentar a
durabilidade dos produtos alimentícios.
A engenheira química destacou também os possíveis ganhos econômicos que a sua embalagem pode
trazer para o país. "O Brasil é o segundo produtor mundial de mandioca e de sacarose e ambos são
empregados nesta embalagem. Dentre os compostos antimicrobianos testados, o Brasil produz e exporta
todos. Então a embalagem poderia agregar valor aos produtos nacionais", apostou. Além dos ganhos
econômicos, existe também o ganho ambiental promovido pela embalagem biodegradável e comestível, já
que ela traria uma redução na quantidade de lixo gerada.
Outro aspecto interessante trazido pelo produto desenvolvido por Ditchfield seria a
substituição de conservantes sintéticos, que são incorporados aos alimentos para aumentar a sua
durabilidade, por compostos naturais que, de acordo com a pesquisadora, são mais seguros para o
consumidor. O produto ainda está em fase de testes e não há previsão de quanto tempo será
necessário para produzi-lo em escala industrial. "Pretendo fazer o pedido de patente em 2007",
esclareceu. O prêmio recebido pela pesquisadora é uma iniciativa do Grupo Bimbo, responsável por
empresas alimentícias como Pullman e Plus Vita. (Ana Guimarães Rosa)