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Escola de Altos Estudos quer estimular produção em ciências humanas
A produção científica na área das ciências humanas vai receber um impulso do Ministério da Educação, que quer fazer o país chegar pelo menos ao mesmo patamar da produção mundial. Para isso, está sendo desenvolvido pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes/MEC) um programa da Escola de Altos Estudos integrando os mais reconhecidos talentos no mundo às universidades brasileiras.
O objetivo, afirma o presidente da Capes, Jorge Guimarães, é aproveitar o conhecimento dos especialistas internacionais. "Enquanto a produção científica mundial em ciências sociais é de 10%, no Brasil o índice é menor do que 2%", justifica. Guimarães explica que a produção na área de humanas costuma perder para a de exatas porque as técnicas de humanas exigem mais criatividade intelectual, leitura e concentração.
A Escola de Altos Estudos é um programa da Capes que promoverá a visita de professores estrangeiros de alto nível ao Brasil para qualificar projetos de pós-graduação de mestrado, doutorado e pós-doutorado nacionais. O programa, no entanto, não será dirigido exclusivamente aos projetos de ciências humanas. Até a primeira quinzena de outubro, chegaram 42 projetos à Capes.
Do total, 18 propostas são da área de humanidades, enquanto 24 propõem desenvolver o conhecimento em exatas. O resultado demonstra que a iniciativa do MEC está mobilizando os cursos de pós-graduação na área de ciências sociais.
O professor de pós-graduação em psicologia da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS), Sílvio José Lemos Vasconcellos, coordena o projeto Pesquisa, Avaliação e Intervenção em Adolescentes com Traços de Psicopatia, enviado para concorrer na Escola de Altos Estudos.
A proposta é trazer o pesquisador David Kosson, da Universidade de Medicina dos Estados Unidos, autor de um teste desenvolvido somente nos EUA e Canadá para diagnosticar a psicopatia em crianças e jovens. O paciente com o transtorno tem dificuldade de interagir com outras pessoas.
A psicopatia em adolescentes é uma área muito carente de estudos no Brasil. "A idéia é trazer esse tipo de diagnóstico para cá porque, quanto mais precocemente o transtorno for identificado, mais fácil fica o tratamento do paciente", explica. Além disso, Vasconcellos argumenta que a vinda do pesquisador norte-americano vai promover estudos que permitirão aos psicólogos brasileiros conhecer os fatores determinantes para a ocorrência da psicopatia, como a violência e a criminalidade.
Integração - Na avaliação do coordenador do Programa de Ciências Morfológicas da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Vivaldo Moura Neto, o programa vai estimular a integração entre pesquisadores de diferentes universidades do país especialistas em áreas pouco estudadas. "Esse programa vai abrir uma cooperação entre pesquisadores de diferentes universidades ao dar suporte para a vinda de lideranças estrangeiras e exigir a integração entre pesquisadores de várias instituições brasileiras", avalia o professor que atua na área de biologia do desenvolvimento.
Inscrições - A Escola de Altos Estudos vai selecionar dez projetos este ano, que receberão R$ 150 mil para trazer os especialistas ao Brasil. Os cursos interessados em participar podem apresentar projetos durante todo o ano, pelo endereço eletrônico altosestudos@capes.gov.br, ou pelos Correios, para a Capes: Esplanada dos Ministérios, Bloco L, Anexo I, sala 205 - CEP 70047-900, Brasília (DF). As propostas aprovadas podem ser ampliadas para outros cursos de pós-graduação. As aulas dos professores estrangeiros serão veiculadas na internet. (Flavia Nery, da Assessoria de Comunicação do MEC)