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Professoras contam experiências do Timor Leste
Duas professoras brasileiras, Fabiana Ribas e Jerusa Garcia, aproveitaram a oportunidade de
trabalhar no que gostam e conhecer outro país. Elas foram selecionadas em 2005 para auxiliar na
formação em língua portuguesa de professores de escolas primárias do Timor Leste, país do sudeste
da Ásia. Voltaram com muitas histórias para contar. Este ano a Coordenação de Aperfeiçoamento de
Pessoal de Nível Superior (Capes/MEC) abriu novamente a seleção de bolsistas do Programa de
Qualificação de Docente e Ensino de Língua Portuguesa. As inscrições terminam no dia 12 de janeiro.
Diante de desafios como pobreza, doenças e conflitos políticos, as professoras relatam como
contribuíram para a reconstrução do sistema educacional do Timor Leste. O compromisso de ajuda faz
parte do acordo de cooperação internacional firmado entre o Brasil e o Timor Leste.
Formada em Biologia, mas com experiências em artes, meio ambiente e educação ambiental,
Fabiana Ribas, de Caxias do Sul (RS), resolveu se candidatar a lecionar no Timor porque queria doar
um pouco de tempo e conhecimento em favor de populações carentes. O maior desafio foi a falta de
material escolar. ?A superação teve que ser feita com muita criatividade e dinamismo?, conta.
Fabiana lembra que também enfrentou problemas com alimentação e calor. E muitas vezes se viu
sozinha na hora de resolver situações difíceis. ?Para ultrapassar os obstáculos, é muito importante
iniciativa, perseverança e amor?, aconselha. ?A satisfação no rosto do outro é a gratificação, o
resultado do trabalho.? O crescimento profissional foi outro aspecto positivo. ?Na ausência de
apoio técnico, somos testados a desempenhar nossas funções, com o máximo de exigências?, afirma.
Brasileiros – Segundo Fabiana, os timorenses têm um grande carinho e admiração
pelos ?irmãos brasileiros?, como são chamados os profissionais que saem do Brasil para trabalhar no
Timor. ?Penso que os profissionais das licenciaturas tem uma responsabilidade muito grande para com
o povo timorense; eles estão plantando as sementes que brotarão, não só em conhecimento científico,
teorias e informações, mas também em virtudes, princípios e valores éticos?, conclui.
Ajuda à humanidade – Jerusa Garcia, de Embu das Artes (SP), foi para o Timor Leste
com uma missão: ajudar a humanidade. Trabalhou na Universidade Nacional e coordenou uma oficina
teatral que resultou no espetáculo Planeta Luz, retratando uma proposta de reconciliação entre as
facções que lutaram pelo poder no Timor nos últimos tempos, os Lorosaes e Loromonos. Participou de
bancas de trabalho de conclusão de curso, foi orientadora de monografia, trabalhou em campos de
refugiados com oficina de pintura para crianças e escreveu dois livros, que serão lançados em
fevereiro.
Em meio a tanto trabalho, Jerusa também se deparou com alguns desafios. Um deles era suportar
a lentidão com que as coisas aconteciam por lá. ?A maneira que encontrei para superar essa
morosidade foi aprender a esperar, ter paciência, respeitar o ritmo deles e jamais comparar nada do
que se vivencia lá com os referenciais que levamos conosco?, lembra. Outro grande desafio foi ter
que driblar o medo de conflitos e brigas de gangues.
Jerusa afirma que amadureceu muito com essa experiência e passou a valorizar cada detalhe do
que deixou no Brasil. ?Tudo agora tem um brilho diferente do que tinha antes?, diz. ?Mas é
importante que estejamos lá no Timor, ao lado da população, a fim de que eles não se sintam
sozinhos e desamparados?, pontua. ?O povo timorense ama o Brasil, eles sabem que não estamos lá por
dinheiro, mesmo porque as riquezas de que dispomos em nosso país são infinitamente maiores que as
deles.?
O novo edital do programa que envia professores brasileiros ao Timor Leste abriu 13 vagas em
diversas áreas do conhecimento. A seleção dos candidatos, que devem comprovar formação mínima em
licenciatura plena, será feita pela Capes. O projeto terá duração de 12 meses e o trabalho começa
já em fevereiro. Os selecionados receberão auxílio de US$ 1,1 mil para bolsista e US$ 2 mil para
bolsista coordenador local da atividade e, ainda, seguro-saúde, auxílio-instalação e transporte
aéreo. Letícia Tancredi. (Assessoria de Comunicação do Mec)