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Portal da Capes é tema de artigo na Folha de S. Paulo
Três importantes cientistas manifestaram seu apoio ao serviço oferecido pelo Portal de Periódicos
da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior do Ministério da Educação
(CAPES/MEC), em artigo publicado no jornal A Folha de S. Paulo, na segunda-feira, dia 21.
No artigo intitulado ?Portal da Capes é modelo de acesso à ciência?, o presidente da
Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Marco Antonio Raupp; o presidente da
Academia Brasileira de Ciência (ABC), Jacob Palis Júnior; e o presidente da Federação de Sociedades
de Biologia Experimental (FeSBE) Luiz Eugênio Araújo de Moraes Mello, destacam a importância do
Portal. ?Se não fosse o Portal de Periódicos da Capes, nosso país como um todo estaria à margem do
acesso ao conhecimento, e nossa ciência, certamente, não teria tido o avanço claramente constatado
dos últimos anos?, justificam. (Fátima Schenini)
Leia o artigo:
Folha de S. Paulo, 21 de janeiro de 2008, p. A-3.
TENDÊNCIAS/DEBATES
Portal da Capes é modelo de acesso à ciência
MARCO ANTONIO RAUPP, JACOB PALIS JR. e LUIZ
EUGÊNIO ARAÚJO DE MORAES MELLO
Se não fosse o Portal de Periódicos da Capes, nosso país como um todo estaria à margem do
acesso ao conhecimento
O ACESSO livre e gratuito a revistas e publicações científicas tem sido objeto de artigos
publicados neste e em outros jornais, sobretudo comparando os modelos de outros países (EUA e Reino
Unido) e minimizando os esforços e avanços já alcançados pelo Brasil nessa área. A defesa dessa
lógica parece razoável.
Se a ciência é primariamente paga pelo dinheiro público, então seu resultado deve ser
igualmente desse mesmo público e, portanto, de livre acesso. Mas publicar tem um custo, mesmo na
internet. Quando há trabalhos de editoria, avaliação e revisão de texto, esses custos aumentam.
A inserção brasileira no cenário científico internacional cresceu exponencialmente nos
últimos anos. O Brasil ocupa hoje a 15ª posição no ranking de produção científica mundial, fruto do
esforço da comunidade científica e da avaliação continuada dos programas de pós-graduação.
O sistema de pós-graduação, que cresce ao redor de 15% ao ano, associado ao sistema de
avaliação, foi responsável em grande parte pelo incremento qualitativo e quantitativo da nossa
produção científica.
Lançado em novembro do ano 2000, o Portal de Periódicos da Capes (Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) constitui o instrumento mais importante na
disseminação da informação científica no Brasil e um recurso indispensável à produção científica e
tecnológica nacional.
A um custo de US$ 35 milhões, o portal dá acesso a 188 instituições, das quais 156 o fazem
inteiramente de graça. Estas incluem as instituições de ensino superior federais, os Cefets, as
estaduais e municipais com pelo menos um curso de pós-graduação nota quatro e as privadas com pelo
menos um curso de pós-graduação nota cinco.
Nessas instituições, o acesso individual a essa gigantesca biblioteca é permitido a todos
estudantes, servidores e professores. Nas bibliotecas dessas instituições, o acesso é permitido ao
público em geral.
O portal disponibiliza o conteúdo atualizado sobre as descobertas científico-tecnológicas
mundiais de todas as áreas do conhecimento, sendo uma das maiores bases de dados eletrônicas do
mundo.
Sua filosofia é ímpar na comunidade científica. Seu custo, quando analisado em função da sua
distribuição geográfica igualitária e democrática, pelo impacto na graduação, na pós-graduação e na
extensão e pela importância no desenvolvimento científico e tecnológico do país, é irrisório.
Os 51 milhões de artigos baixados em 2007 resultaram num custo de US$ 0,72 por artigo, o que
está muitas vezes abaixo do valor que seria cobrado por acessos individuais ou mesmo fotocópias.
Em grandes universidades norte-americanas, como a Ucla, o custo da assinatura eletrônica de
cerca de 11 mil periódicos e bases de dados atinge US$ 11 milhões anuais -restrita exclusivamente
aos profissionais dessa universidade. Para Harvard, esse valor atinge US$ 27 milhões.
O custo médio para as instituições brasileiras, levando em consideração somente aquelas de
acesso gratuito, atingiu em 2007 o valor de US$ 237 mil/instituição. Os dados mostram que o portal
da Capes oferece um acesso semelhante ao de Harvard ou Ucla a um custo 114 ou 46 vezes menor do que
aquelas duas instituições.
O acesso livre, na verdade, envolve pagamento pela publicação. Supondo que toda a produção
científica brasileira indexada em 2007 houvesse sido realizada em periódicos de acesso livre
imediato, os cofres públicos teriam arcado com uma despesa de cerca de US$ 24 milhões, assumindo um
custo médio de cerca de US$ 1.000/ trabalho, quase o custo do portal.
Esses artigos estariam abertos ao domínio público, mas as nossas instituições, se todo o
investimento fosse direcionado para somente "open access", estariam sem acesso à maior parte da
produção científico-tecnológica mundial.
Num mundo ideal, o acesso seria livre e gratuito a todos. No entanto, a realidade é outra.
E, se não fosse o Portal de Periódicos da Capes, nosso país como um todo estaria à margem do acesso
ao conhecimento, e nossa ciência, certamente, não teria tido o avanço claramente constatado dos
últimos anos.
MARCO ANTONIO RAUPP, 69, doutor em matemática, é presidente da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência). JACOB PALIS JR., 67, doutor em matemática, é presidente da ABC (Academia Brasileira de Ciências). LUIZ EUGÊNIO ARAÚJO DE MORAES MELLO, 50, doutor em neurofisiologia, é presidente da FeSBE (Federação de Sociedades de Biologia Experimental).
Leia também:
http://www.capes.gov.br/servicos/salaimprensa/noticias/noticia_0911.html