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Mulheres ainda atuam pouco na ciência brasileira
Uma parceria inédita permitirá novas descobertas sobre o papel feminino na sociedade brasileira. Atualmente, estatísticas apontam que apenas 30% do total de pesquisadores no país que investigam as áreas de ciências exatas são mulheres. Quais são os motivos? Há preconceitos? Quais as novas perspectivas? Estes são alguns dos questionamentos que deverão ser esclarecidos com os resultados do edital lançado, neste mês, pelo governo federal, por meio de uma parceria entre a Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, o Conselho de Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Ministério da Ciência e Tecnologia (CNPq/MCT), e a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior do Ministério da Educação (Capes/MEC).
De acordo com a pesquisadora sobre gênero da Universidade de Brasília, Lourdes Bandeira, representante da Capes nas discussões sobre o tema, a sociedade brasileira vive em uma divisão sexual do trabalho. Diante disso, segundo a pesquisadora, foi estabelecido no domínio do conhecimento que cabe às mulheres todas as atividades vinculadas às práticas do cuidado e da reprodução. Já os homens são direcionados para a área de produção. "Isto significa que nós estamos omitindo, negando ou sonegando que as mulheres tenham oportunidades iguais para ingressarem nestes domínios da mesma forma que os homens", constata. Para transformar esta desigualdade, Lourdes acredita que é preciso mudar a visão existente no sistema educacional brasileiro nos primeiro, segundo e terceiro graus. "Há uma premoção de que meninas sejam voltadas para ciências humanas e os meninos para as ciências exatas. Nós temos que eliminar essa idéia de que as mulheres não são aptas para as ciências exatas e vice-versa", analisa.
A publicação do edital quer estimular e fortalecer a produção de pesquisas, estudos de relações de gênero, mulheres, feminismos para que políticas públicas, ações possam equilibrar o cenário tanto no mercado de trabalho quanto na própria sociedade. "Nós queremos que mulheres e homens tenham o mesmo acesso ao conhecimento em diferentes áreas", afirma a pesquisadora.
Projetos - Os profissionais interessados em apresentar projetos de pesquisa sobre o tema têm até o dia 17 de novembro para enviá-los. Serão investidos R$ 1,2 milhão em duas categorias. Na primeira serão destinados até R$ 16 mil para grupos de pesquisa com coordenador que seja doutor há menos de sete anos. E R$ 50 mil para propostas coordenadas por doutor com título há mais de sete anos. Outras informações no CNPq.
Nos dias 28 e 30 deste mês será realizado em Brasília o Encontro Nacional de Núcleos e Grupos de Pesquisa. Pesquisadores e especialistas da área irão debater como estão os estudos sobre o assunto no país. Além de estabelecer ações que contribuam para a promoção das mulheres no campo das ciências e na carreira acadêmica, os participantes discutirão a formação de redes temáticas regionais e nacionais.
Outro incentivo - Além do edital de pesquisa, foi criado o 1º Prêmio Construindo a Igualdade de Gênero. Até o dia 30 de setembro estarão abertas as inscrições para o concurso de redações e monografias na área das relações de gênero, mulheres e feminismos. Os candidatos do ensino médio farão um concurso de redação. Já os alunos do ensino superior e da pós-graduação deverão fazer trabalhos científicos monográficos.
Na categoria estudante de pós-graduação podem concorrer alunos matriculados em cursos de mestrado e doutorado reconhecidos pela Capes/MEC. Já os alunos do ensino superior que podem concorrer são os matriculados em cursos de graduação reconhecidos pelo MEC. Na terceira categoria podem participar estudantes de escolas públicas, privadas e de escolas técnicas de nível médio. Confira aqui a premiação e o regulamento. (Adriane Cunha)