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Aumenta número de mulheres com título de pós-graduação
As mulheres vêm aumentando a participação no cenário da pós-graduação brasileira. Em 2005, houve um
crescimento de 12,52% no número de mulheres que obtiveram títulos de mestrado e doutorado comparado
a 2003. Foram 20.434* novas mestres e doutoras em diversas áreas do conhecimento.
A informação é do sistema de Coleta de Dados da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de
Nível Superior do Ministério da Educação (Capes/MEC). Para a pesquisadora sobre gênero da
Universidade de Brasília e consultora da Capes, Lourdes Bandeira, o crescimento é positivo, mas ao
analisar o aumento por área as mulheres ainda se formam mais em cursos das ciências humanas, saúde
e ciências sociais aplicadas ao contrário dos homens que buscam as engenharias. "Ainda há
preconceito que vem desde o ensino básico. São raízes culturais que fazem com a mulher seja
direcionada para as ciências humanas e os homens para as exatas", afirma.
A cientista, Glaci Zancan, presidente por duas vezes da Sociedade Brasileira para o Progresso
da Ciência (SBPC), mais de quarenta anos de atuação como professora universitária, acredita que as
mulheres conquistaram um belo espaço na ciência brasileira por competência e dedicação, mas faz uma
ressalva. "Apenas poucas atingem cargos de liderança e representatividade quando comparado aos
homens. Ainda é preciso avançar nesta questão", afirma. A pesquisadora conta que sofreu preconceito
durante sua carreira. "Fui selecionada pela Capes para uma bolsa nos Estados Unidos e lá eles
concederam as bolsas apenas para os homens. Na ocasião, o meu futuro orientador disse que o meu
currículo era tão bom quanto aos outros e que eles me eliminaram por ser mulher", lamenta.
A vencedora do Prêmio Jovem Cientista, edição 2005, a jovem doutora Ana Beatriz Veiga, 30
anos, acha que o preconceito vai além do meio acadêmico. "Infelizmente ainda somos contaminados por
uma cultura machista característica da América Latina", analisa. Pesquisadora e professora da área
de ciências biológicas da Fundação Faculdade Federal de Ciências Médicas de Porto Alegre (RS),
Ana sugere que as mulheres não se deixem dominar pelo preconceito inconsciente. "Acho que devemos
mostrar, sem agressividade nem prepotência, mas de maneira natural, que sabemos fazer. Passar por
cima de preconceitos, seja de gênero, raça, idade, ou qualquer outro tipo, é mais fácil quando
temos segurança e auto-estima equilibrada", defende. (Assessoria de Imprensa da Capes)
*Dado preliminar do Coleta de Dados da Capes