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Seleção de professores para o Timor Leste chega à ultima etapa
Os 32 professores pré-selecionados para a segunda edição do Programa de Qualificação de Docente e
Ensino de Língua Portuguesa participaram nesta quinta-feira, 25, da última etapa de seleção para
auxiliar na formação em língua portuguesa de professores de escolas primárias no Timor Leste,
sudoeste da Ásia. A Coordenação de Aperfeiçoamento do Pessoal de Nível Superior (Capes) recebeu
três mil inscrições nesta segunda edição do programa, que levará 13 professores em missão ao Timor
Leste. O resultado da seleção será divulgado na próxima segunda-feira, 29. O projeto faz parte de
um acordo de cooperação internacional firmado entre o Brasil e o Timor Leste para a reconstrução do
sistema educacional timorense.
Os professores assistiram a apresentações de vídeos sobre o Timor Leste, o trabalho dos
bolsistas e os projetos desenvolvidos no país. De acordo com a professora Maria Luiza Carvalho,
analista em ciência e tecnologia da Coordenação-Geral de Cooperação Internacional da Capes, o
perfil do professor selecionado vai além do conhecimento técnico e da experiência profissional. ?O
profissional tem que ter disponibilidade e espírito voluntário para executar o trabalho como
missão.?
Missão é a palavra de ordem dos professores pré-selecionados em todo o País. A vontade de
trabalhar pela reconstrução do Timor Leste, resgatando a identidade cultural do país por meio do
aprendizado e uso da língua portuguesa, é a principal razão dos professores em participar do
programa.
A pedagoga Milene Silva Pinheiro, de Santos (SP), é pós-graduanda em psicopedagogia e já
participou de programas de formação de professores no Projeto Rondon – parceria entre o MEC e o
Ministério da Defesa. Milene animou-se com a possibilidade de desenvolver ações educacionais em
outro país e por um espaço de tempo maior.
?Quando conheci o programa do Timor Leste, pensei: nossa! É um Rondon internacional. E
imaginei o que poderia ser desenvolvido em um ano. Trabalhar no programa é a oportunidade de
aprofundamento dos conhecimentos da língua portuguesa e de participar efetivamente do processo de
reconstrução do Timor Leste?, afirma Milene.
A pedagoga lembra ainda que é um desafio, mas espera auxiliar na superação dos conflitos
étnico-raciais e culturais, consolidando a independência dos timorenses, por meio do uso e
fortalecimento da língua. ?Vamos encontrar um povo com cultura que necessita ser resgatada e com
uma tradição oral que necessita ser fortalecida. Faremos isso com a formação de professores que
serão qualificados para o uso competente da língua portuguesa.?
Troca de experiências ? O pedagogo Odílio Germano, de Caxias, no Maranhão, é
pós-graduado em docência do ensino superior e pretende levar a experiência de formação de
professores em regiões pobres do Nordeste brasileiro. ?Estou preparado para conduzir o projeto no
Timor Leste, baseado nas experiências em formação de professores no Nordeste. Mas a experiência em
outro ambiente em condições tão adversas como as que apresenta o Timor Leste é um compromisso
profissional e uma questão humanitária.?
Germano ressalta ainda o destaque do Brasil na missão de resgate e manutenção da língua
portuguesa. ?Além do conhecimento da língua, desenvolveremos um trabalho de formação para a
cidadania, buscando reeguer o sistema educacional do país.?
A expectativa dos professores é positiva e acena para a possibilidade de desenvolver um
trabalho de melhora da auto-estima e identidade cultural do povo timorense, além da troca de
experiências profissionais e pessoais. ?Espero encontrar esperança no Timor Leste. Ensinar, mas
também aprender. Essa troca vai contribuir para o meu trabalho no Brasil e para a minha vida
pessoal, pois é impossível vivenciar a realidade de um país pós-conflito e não se tornar uma pessoa
mais sensível para as questões sociais?, afirma a professora de português Márcia Cavalcante, de
Recife (PE).
Os professores viajam na primeira quinzena de fevereiro para desenvolver os trabalhos em até
12 meses. Os selecionados receberão auxílio de US$ 1,1 mil para bolsista, US$ 2 mil para bolsista
coordenador local de atividade e, ainda, seguro-saúde, auxílio-transporte, auxílio-instalação e
transporte aéreo. (Karla Nonato)