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Empresas precisam ser mais atuantes na pesquisa
{mosimage}Quem absorve o maior número de cientistas e pesquisadores no Brasil? Quem realiza mais pesquisas e
desenvolve tecnologias inovadoras? O assunto foi discutido nesta terça-feira, 10, durante
mesa-redonda realizada na 59ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência
(59ª SBPC), no Centro de Convenções da Amazônia, em Belém.
A mesa-redonda sobre o tema
Ciência para um Brasil Competitivo teve a participação de Alaor Chaves, do Instituto de
Física da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), e Fernando Galembeck, do Instituto de
Química da Universidade de Campinas (Unicamp). O debate foi coordenado pelo presidente da
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior do Ministério da Educação (Capes/MC),
Jorge Guimarães.
Segundo Alaor Chaves, as empresas brasileiras devem empregar mais pesquisadores e
engenheiros, a exemplo do que acontece na maioria dos países. Atualmente, no Brasil, 89% da
pesquisa é feita nos cursos de pós-graduação. ?As empresas empregam 11% e o restante é absorvido
pelo governo. No restante do mundo, as empresas empregam 2/3 desse pessoal, deixando 1/3 para o
governo?, exemplifica.
Para Chaves, a inovação ainda não entrou em larga escala nas empresas brasileiras. ?O
envolvimento das empresas brasileiras com pesquisa e desenvolvimento é tão incipiente que o estado
tem de atuar diretamente no desenvolvimento da tecnologia? diz. Cita como exemplo bem sucedido
dessa atuação, a agropecuária. ?A Embrapa ajudou a tornar nossa técnica agrícola altamente
inovadora,? destaca. Ele propôs a criação de uma nova empresa, nos moldes da Embrapa - a Empresa
Brasileira de Ciência e Tecnologia Industrial (Embracti) – que atuaria nas áreas de física, química
e outras áreas tecnológicas, fazendo a ligação entre indústria e academia.
Já o pesquisador Fernando Galembeck defende outras medidas. Segundo ele, para que o país se
torne mais competitivo o importante seria intensificar a realização de projetos conjuntos de
cooperação entre empresas e universidades, e fomentar projetos dentro de empresas. ?Além disso, o
Governo poderia fazer encomendas a consórcios de empresas, que incluíssem também universidades?,
diz.
O coordenador do debate, Jorge Guimarães, finalizou destacando que há uma necessidade de
formar recursos humanos em todas as áreas e, com certeza, as empresas precisam investir mais na
pesquisa. Por isso a Capes em parceria com o Ministério da Ciência e Tecnologia lançou o Plano
Nacional de Pós-doutorado que irá financiar a contratação de pesquisadores em empresas, centros de
pesquisa públicos e privados. O edital deve sair em breve.
O debate foi motivado pelo documento
Física para um Brasil Competitivo, elaborado por uma comissão de físicos a pedido
da Capes. O documento contém propostas que visam a efetiva inclusão da ciência na sociedade e na
economia brasileiras e recomendam investimentos na formação graduada e pós-graduada de um maior
número de cientistas e engenheiros. (Adriane Cunha e Fátima Schenini)