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Alto nível de qualidade acirra disputa por bolsa no exterior
A alta qualidade dos projetos apresentados e o bom desempenho dos candidatos na última fase de seleção para bolsa do Programa de Doutorado Pleno no Exterior surpreenderam os consultores da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior do Ministério da Educação (Capes/MEC). Na última semana, 230 selecionados participaram da fase da entrevista, onde os candidatos tiveram que demonstrar, entre outras características, a capacidade de viver fora do país por um período de quatro anos.
Divididos em grupos, 36 professores e pesquisadores de diversas áreas do conhecimento analisaram o desempenho dos candidatos. Eles avaliaram quatro itens principais: preparo acadêmico, compromisso institucional, capacidade de adaptação e maturidade emocional. Para o pesquisador e professor da Universidade de São Paulo (USP/Ribeirão Preto), João Caligari, em geral, os candidatos apresentaram um grande potencial. "Os jovens que entrevistamos se mostraram engajados e a maioria com o projeto já iniciado", revela. Mais surpreendente ainda, para ele, foi descobrir que alguns fizeram investimento pessoal, como vender o carro, para iniciar o projeto de pesquisa. Além disso, muitos contaram com o apoio financeiro da família. "Isso é surpreendente e bom, porque demonstra um interesse muito grande. Os que fizeram isso iniciaram o processo ainda sem bolsa".
A possibilidade do futuro bolsista ser um disseminador de conhecimento também foi um item bastante valorizado pelos entrevistadores. "Queremos que após aprofundar seus estudos o bolsista retorne e forme novos grupos de pesquisa", afirma Caligari.
O desafio dos consultores é identificar se o candidato tem maturidade e segurança sobre o tema e se está totalmente motivado. O professor e pesquisador Décio Fonseca, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), um dos avaliadores, revela um pouco da técnica adotada. "Num primeiro momento deixamos o candidato falar, ele conta um pouco sobre da vida dele, sobre o projeto. A partir daí vamos interagindo e focando no objetivo maior que é descobrir se ele tem compromisso pessoal, se vai retornar ao Brasil, se está preparado psicologicamente para enfrentar o doutorado no exterior", explica.
O diretor de Programas da Capes, José Fernandes de Lima, comemora o nível de qualificação dos candidatos. "O alto nível torna a seleção muito mais difícil, porque não temos como contemplar a todos. Mas é muito bom saber que já temos um time de elite. Esse grupo que chegou até esta fase demonstrou que o Brasil tem recursos humanos preparados para o intercâmbio científico internacional", avalia.
O resultado final da fase de entrevista será divulgado no dia 31 de março. A coordenadora de Bolsas no Exterior da Capes, Maria Luiza Lombas, orienta que os selecionados não deixem de enviar os documentos exigidos para não causar atrasos no processo. Os bolsistas devem viajar no mês de setembro.(Adriane Cunha)