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Ex-bolsista da Capes conquista prêmio máximo do Jovem Cientista
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Um estudo sobre os componentes do veneno da taturana Lonomia obliqua, comum no sul do país, mais especificamente no Rio Grande do Sul, poderá ajudar na descoberta de novos tratamentos e medicamentos para a síndrome hemorrágica e doenças cardiovasculares. Foi com o desenvolvimento desta pesquisa que a doutora em biologia molecular, Ana Veiga, 29 anos, conquistou o prêmio máximo do Prêmio Jovem Cientista deste ano que teve como tema "Sangue - Fluido da Vida". Os vencedores foram divulgados hoje, 10, em Brasília (DF), na sede do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) durante uma entrevista coletiva para a imprensa.
Formada em ciências biológicas pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Ana trabalhou nesta pesquisa nos últimos seis anos e utilizou técnicas de biologia molecular e de bioinformática. A estudante contou com bolsa da Capes para a realização do doutorado e conquistou bolsa sanduíche da agência para especialização de um ano no National Institutes of Health, em Washington, nos Estados Unidos (EUA). "Foi uma surpresa e ao mesmo tempo uma felicidade quando recebi a notícia do prêmio", diz ela.
A pesquisadora explica que muito pouco se sabe sobre as bases moleculares da hemorragia provocada pela taturana. "O trabalho foi justamente examinar as propriedades do veneno e obter informações mais claras". E acrescenta. "O estudo deste veneno é importante não apenas para o desenvolvimento de um diagnóstico e tratamento mais adequados no envenenamento dos pacientes, mas também buscar moléculas e proteínas para o desenvolvimento de anti-coagulantes". Ana espera dar continuidade a pesquisa. "Vai depender de financiamento, mas com certeza o objetivo é aplicar os resultados na saúde humana". A expectativa é que de três a cinco anos um medicamento novo possa surgir.
Para o orientador do estudo, o professor e pesquisador da UFRGS e presidente da Capes, Jorge Guimarães, o Prêmio é motivo de orgulho. Ele acredita que a pesquisa sobre a lagarta ganhou o reconhecimento, porque realmente poderá contribuir muito para o tratamento de inúmeros problemas como a trombose."Todos os anti-coagulantes são extraídos do pulmão ou do intestino de bovinos e suínos, mas devido a doença da "vaca louca" eles deverão ser excluídos. Então novos medicamentos devem ser pesquisados e produzidos a partir de insetos", explica.
Os resultados do estudo já percorrem o mundo, o artigo científico com os resultados pesquisados por Ana Veiga foi publicado na revista americana Gene, uma das publicações mais importantes da área no mundo.
Outras categorias - Duas jovens pesquisadores conquistaram o primeiro lugar nas categorias ensino superior e médio. A estudante de biologia do Instituto de Ensino e Pesquisa Albert Einstein de São Paulo, Amanda Meskauskas, 22 anos, venceu a categoria Ensino Superior com a pesquisa que busca expandir o número de células-tronco presentes no cordão umbilical. Já a estudante do ensino médio da Escola Estadual Olegário Maciel de Minas Gerais, Natália Martins, 16 anos, conquistou a primeira colocação com a descoberta de um método mais eficaz para o diagnóstico da doença de Chagas. Confira aqui outras informações sobre a divulgação do prêmio e a lista completa dos ganhadores.(Adriane Cunha)