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Instituições privadas discutem desafios da pós-graduação
Pró-reitores de pós-graduação de instituições particulares de ensino superior do país estão reunidos até amanhã, 26, em Salvador (BA), no VI Encontro Nacional sobre Pós-graduação e Pesquisa nas IES Particulares. O encontro começou ontem à noite, 24, com a conferência do presidente da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior do Ministério da Educação (Capes/MEC). Jorge Guimarães falou sobre o anteprojeto de educação superior e suas repercussões para o sistema nacional de pós-graduação e para as instituições privadas.
Segundo Guimarães, o número de matrículas na pós-graduação brasileira cresce 11% ao ano no mestrado e 14% no doutorado. Já os cursos novos aumentam na faixa de 8%. Um cenário que demonstra a demanda por formação além da graduação em áreas de ponta como, por exemplo, na ciência da computação. De acordo com ele, a Capes incentiva a criação de cursos de mestrado profissional em áreas específicas para a formação de recursos humanos para o mercado e não no foco acadêmico. Jorge Guimarães afirmou que existe carência de profissional de alto nível no país. "Hoje o Brasil tem 254 mil docentes universitários. Só 21% têm doutorado e cerca de 30% têm mestrado, ou seja, quase a metade dos nossos docentes universitários não têm mestrado".
Segundo ele, a reforma universitária agrega uma série de avanços e melhorias como a implementação do Plano Nacional de Pós-graduação, um trabalho coordenado pela Capes, que prevê a formação de 16 mil doutores brasileiros a partir de 2010. Para Guimarães, reforma é um marco regulatório que permitirá um avanço de qualidade para o ensino superior, principalmente, para o setor privado. Ele disse que alguns setores manifestam que há discriminação na criação de cursos novos em IES privadas, mas ressaltou que "não há preconceito da Capes em relação a propostas de cursos de mestrado e doutorado particulares, o que se exige é qualidade". Dos 1900 programas de pós do país, 17% estão nas privadas.
Para o pró-reitor de pós-graduação da Universidade de Salvador (Unifacs) e coordenador do encontro, Luiz Antônio Magalhães Pontes, o debate estabelecido busca formas de superar os desafios do setor. Para as instituições privadas além das restrições conjunturais e de mercado, cada vez mais aumentam as exigências de produção intelectual institucionalizada; a qualificação do corpo docente em nível de mestrado e doutorado, a adoção do regime de tempo integral e de responsabilidade social, dentro das medidas de controle, avaliação e regulação implementadas pelo Estado. "Todos estes temas serão discutidos nas oficinas. No final dessa reunião iremos enviar um documento com as proposições para os órgãos públicos", disse.
Entre os assuntos que serão debatidos pelos cerca de 200 participantes estão o acesso ao Portal de Periódicos da Capes, os efeitos do PNPG e seus reflexos na realidade das instituições privadas, a criação de mestrados profissionais e a ampliação da pesquisa nas universidades privadas. Para Luiz Pontes, o principal desafio do setor privado é a pesquisa. "Acredito que mesmo as instituições pequenas têm condições de criar grupos eficientes de pesquisa. Mas isso deve ser feito com foco nas potencialidades locais e regionais". Segundo ele, a cooperação com empresas públicas e privadas pode ser uma alternativa para alavancar o processo.(Adriane Cunha)