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Biossensor poderá detectar leishmaniose visceral
Doença tem alta taxa de mortalidade e é de difícil diagnóstico
Um estudo liderado pela Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM), com duas bolsistas da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) na equipe de pesquisadores, levou ao desenvolvimento de um biossensor que detecta de forma rápida e eficiente a leishmaniose visceral. O trabalho tem a participação de cientistas das Universidades Federal de Alagoas (Ufal) e de Uberlândia (UFU) e já teve um artigo publicado no periódico científico Biosensors .
Infeciosa, de difícil diagnóstico e alta taxa de mortalidade quando não tratada, a leishmaniose visceral é transmitida pelo mosquito-palha. Em humanos, os parasitas danificam locais como o baço, o fígado e a medula óssea. A novidade neste biossensor e a sua capacidade de identificação sem reação cruzada — ou seja, sem confundir — com a doença de Chagas. “O biossensor conseguiu diferenciar leishmaniose aguda, mais intensa e mais curta, leishmaniose crônica, mais longa e mais difícil de identificar, e três tipos de doença de Chagas”, relata Renata Pereira Alves Balvedi, pesquisadora da UFTM.
O problema no diagnóstico é muito comum em outros métodos de detecção, como o Elisa (sorológico). Os testes foram feitos com amostras de 50 voluntários divididos em cinco grupos: dois infectados com leishmaniose e três com doença de Chagas, todos sintomáticos. As amostras de sangue dos pacientes são diluídas em soro e postas no equipamento. A identificação surge em 20 segundos. Para Christianne Molinero, doutoranda em Ciências da Saúde pela UFTM, as vantagens são evidentes. “Ao comparamos com o Elisa, vemos que o biossensor tem enorme potencial”, garante.
A próxima etapa é testar um número maior de pacientes e incluir assintomáticos, vetores da doença e de detecção mais difícil. Essa fase já havia se iniciado em dezembro de 2019, mas precisou ser suspensa por causa da pandemia do novo vírus corona. Boa parte do material usado na investigação foi cedida por Loren Queli Pereira, doutoranda em Medicina Tropical e Infectologia pela UFTM e também bolsista da CAPES: “Quero desenvolver um método eficaz para identificar a leishmaniose visceral. Sigo essa linha de pesquisa desde o meu mestrado e tinha as amostras que cedi para o estudo do biossensor. Pelo que pude constatar, é um equipamento com eficiência bem acima do método Elisa”, conta.
O trabalho nasceu no laboratório liderado pelo pesquisador da UFTM Virmondes Rodrigues Júnior, estudioso da leishmaniose visceral há 30 anos. Foi ele quem orientou Renata e os outros pesquisadores a analisarem a reação cruzada da enfermidade com a doença de Chagas. “A mortalidade pela leishmaniose é alta e o tratamento é longo, caro e, muitas vezes, tão desagradável quanto a doença. Então, é muito importante detectá-la cedo”, afirma. De acordo com o professor, avançar na testagem em assintomáticos permitirá “identificar anticorpos no indivíduo, tratar e evitar que a doença se manifeste mais tarde”.
(Brasília – Redação CCS/CAPES)
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