Biomaterial combate inflamações em implantes dentários

Imagem: Raphael Cavalcante Costa (Júlia Prado - CGCOM/CAPES)

O trabalho de Raphael Cavalcante Costa venceu a edição de 2024 do Prêmio CAPES de Tese na área de Odontologia. Doutor pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), o pesquisador, que foi bolsista da Fundação, desenvolveu um método de descontaminação de superfícies de implantes dentários e um biomaterial de ácido fólico para controle da inflamação. O material, que é biodegradável e eliminado do organismo humano em 60 dias, pode melhorar o tratamento e assegurar mais qualidade da saúde bucal. A tese tem como título Biomateriais para o controle das infecções em implantes dentários: mecanismos biológicos, fatores moduladores e novas estratégias de tratamento.

Fale da sua trajetória acadêmica, da graduação ao doutorado.
Sou graduado em Odontologia pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB), em João Pessoa, onde me formei cirurgião-dentista e aspirante a cientista ainda durante minha iniciação científica. Motivado pela vontade de continuar no ambiente acadêmico e fazer ciência, mudei-me para Piracicaba (SP), para realizar o meu mestrado e posteriormente o doutorado em Clínica Odontológica da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

Sobre o que é a sua pesquisa? Explique o conteúdo da sua tese.
Um a cada três implantes dentários é acometido por infecções. Essas infecções peri-implantares representam a principal causa de falha nas reabilitações com implantes. Além disso, não existe atualmente um consenso sobre a melhor terapia para o controle das infecções em implantes dentários, sendo necessário o desenvolvimento de novos materiais odontológicos com tal finalidade. O conhecimento das estratégias presentes na literatura, bem como, suas limitações e perspectivas futuras foram inicialmente revisados com base nos mecanismos e fatores modulares das doenças peri-implantares (ao redor de implantes). De posse desse conhecimento, desenvolvemos e validamos uma estratégia de descontaminação de superfícies de implantes dentários focando na eliminação efetiva do biofilme oral e um novo biomaterial de ácido fólico para controle da inflamação tecidual. Esta forma, uma nova abordagem de tratamento promissora, pode ser utilizada, no futuro, em ambiente clínico odontológico.

 O que vale destacar de mais relevante na sua pesquisa?
O novo biomaterial odontológico desenvolvido apresenta conformação na forma de um partículas de consistência macia, o que permite ser moldável nas roscas expostas de implantes e em regiões de espaços. Além disso, o arcabouço da partícula é biodegradável o que permite sua completa eliminação após um período de 60 dias, evitando efeitos adversos pela permanência no local. Outro aspecto relevante é que o material pode ser reaplicado para potencializar os efeitos terapêuticos de forma rápida e fácil durante a consulta odontológica em um tempo de retorno adequado ao paciente, entre 7 e 14 dias. Com base no exposto, acredita-se que este polímero pode ser incorporado ao arsenal de produtos odontológicos e poderá, no futuro, aumentar a previsibilidade dos tratamentos com implantes dentários e a qualidade da saúde bucal.

De que forma a sua pesquisa pode contribuir para a sociedade?
Os resultados dos estudos presentes na tese permitem o aprimoramento das técnicas clínicas de limpeza de implantes dentários e o desenvolvimento de um novo material odontológico para aplicação ao redor dos implantes e controle da inflamação peri-implantar. Desta forma, busca-se aprimorar as terapias com implantes, melhorando a efetividade das reabilitações e a qualidade de vida dos pacientes.

Qual a importância para você de sua tese ter sido escolhida a melhor na área?
Essa conquista pode ter um impacto significativo na minha carreira acadêmica e nas minhas futuras pesquisas. Primeiramente, o reconhecimento de uma tese como a melhor na sua área confere um prestígio considerável, elevando minha visibilidade na comunidade científica e acadêmica. Esse destaque pode facilitar a obtenção de recursos e financiamento para novos projetos, além de abrir portas para colaborações com outros pesquisadores e instituições. Além disso, o prestígio associado ao prêmio pode aumentar a credibilidade do trabalho e estimular novas ideias e inovações em minha futura área de pesquisa. A premiação não apenas valoriza meu trabalho passado, mas também potencializa minhas perspectivas futuras, promovendo um avanço significativo em minha carreira acadêmica e na realização de pesquisas impactantes e de qualidade.

De que forma a bolsa da CAPES contribuiu para sua formação? 
Fui bolsista CAPES durante o período inicial do meu doutorado. O apoio financeiro da CAPES foi fundamental para minha permanência no curso e me proporcionou condições de iniciar essa pesquisa.

A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) é um órgão vinculado ao Ministério da Educação (MEC).
(Brasília – Redação CGCOM/CAPES)
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