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Babosa é usada na criação de nanomateriais
Desenvolver materiais mais sustentáveis, de baixo custo e com menor geração de resíduos para o setor tecnológico: esse foi o objetivo de Jakeline Raiane Dora dos Santos, doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Ciência e Engenharia de Materiais, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). A bolsista usou o extrato da babosa, uma planta que retem água e forma uma espécie de gel, para compor nanomateriais que entram na produção de dispositivos de armazenamento e conversão de energia, baterias, células combustíveis e biodiesel. O método já tem pedido de patente no Instituto Nacional da Propriedade Intelectual (INPI).
Fale sobre a sua pesquisa.
O método utilizado foi o precursores poliméricos modificado. Nele substituímos o ácido cítrico e o etilenoglicol, usados nos métodos convencionais, pelo extrato de babosa, como agente quelante e polimerizante.
Como é feita a obtenção desses novos materiais a partir da babosa?
A babosa tem uma característica bastante importante que é a mucilagem, presente na parte interna de suas folhas. Devido às suas propriedades de retenção de água e formação de gel mucilaginoso, a sua utilização tem sido estudada em várias aplicações. Logo, retiramos a folha da babosa, em seguida a “baba”, que é a mucilagem, e colocamos no Becker com água destilada, formando o extrato de babosa. Daí o processo dos precursores poliméricos modificado é conseguido após cinco etapas, as quais incluem mistura de reagentes, formação do gel, secagem, maceração e calcinação, originando os materiais cristalinos na forma de pó. Esse processo é versátil, de baixo custo e sustentável, o que minimiza os resíduos gerados durante a síntese desses óxidos metálicos.
Que novos materiais seriam esses e como eles atuam?
São óxidos metálicos em escala nanométrica que foram comprovados usando técnicas avançadas de caracterização de materiais. Foram obtidas nanopartículas com tamanho médio variando entre 10 e 50 nm.
Esses nanomateriais podem ser usados em diversas aplicações tecnológicas como, por exemplo, baterias, células de combustível, produção de biodiesel, dispositivos de armazenamento e conversão de energia, que é o foco de estudo do nosso grupo.
Quais as vantagens do produto quando comparado aos demais?
O método de obtenção convencional desses óxidos metálicos, possui algumas desvantagens. A principal é a geração de subprodutos tóxicos. Assim, o processo dos precursores poliméricos modificado pode substituir o ácido cítrico (agente quelante) e o etilenoglicol (agente polimerizante), usados nos métodos convencionais, pelo extrato da babosa. Esse processo é versátil, de baixo custo e sustentável, o que minimiza os resíduos gerados durante o processo, já que o extrato da babosa, desempenha um papel importante no processo a partir da matéria naturalmente biodegradável. Desse modo, o processo é mais ecológico e sustentável.
Qual benefício da sua pesquisa para a sociedade?
Atualmente, nossa principal forma de energia é a elétrica. Com o passar dos anos, técnicas de armazenamento de energia têm sido desenvolvidas a fim de aprimorar, facilitar o manuseio e melhorar a performance dos processos. Então, sintetizar e processar materiais, descobrir novos e integrá-los em tecnologias de manufatura economicamente eficientes e ecologicamente seguras, é o que estamos desenvolvendo como uma solução de energia atrativa, limpa, que satisfaça às necessidades da sociedade de maneira economicamente eficiente e segura para o meio-ambiente.
Qual a expectativa que você tem para este novo produto?
Eu espero que, em breve, possamos obter esses materiais e outros em larga escala e que a sociedade possa usufruir dos benefícios dessa pesquisa.
Qual a importância da CAPES para você?
A CAPES me abriu portas. Sou bolsista desde o mestrado. A bolsa me possibilitou investir em conhecimento, compra de materiais básicos para o desenvolvimento da minha pesquisa e minha dedicação exclusiva durante todos esses anos. Sem ela e o auxílio da minha família, realmente seria impossível prosseguir na pós-graduação e na realização dos projetos.
Legenda das imagens:
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Imagem ilustrativa
(Foto: iStock/VALENTYNVOLKOV)
Imagem 1:
Babosa no processo de obtenção do material (Arquivo pessoal)
Imagem 2:
Jakeline Raiane Dora dos Santos
- CAPES/UFRN
(Foto: Arquivo pessoal)
Imagem 3:
Babosa no processo de obtenção do material
(Foto: Arquivo pessoal)
A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) é um órgão vinculado ao Ministério da Educação (MEC).
(Brasília – Redação CCS/CAPES)
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