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Notícias
FOLHA DE S. PAULO
Em artigo publicado na edição deste domingo, 21 de julho, do jornal Folha de S. Paulo, Denise Pires de Carvalho, presidente da CAPES, aborda as dificuldades recentes da pós-graduação stricto sensu brasileira e destaca as ações do atual governo. A gestora ressalta que “há muito trabalho pela frente, para continuar avançando e atendendo às demandas da comunidade acadêmica e da sociedade.”
Leia abaixo a íntegra do artigo:
Reconstruindo a pós-graduação brasileira
Denise Pires de Carvalho, presidente da CAPES e ex-reitora da UFRJ
É legítima e muito bem-vinda a preocupação da comunidade acadêmica e da sociedade com a pós-graduação stricto sensu (cursos de mestrado e doutorado), o que demonstra a relevância da ciência para os brasileiros. Hoje, é consenso que o desenvolvimento das nações depende da formação de mestres e doutores.
No Brasil, a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) é responsável pelo Sistema Nacional de Pós-Graduação (SNPG) há quase 60 anos, desde a sua institucionalização, em 1965. O SNPG é robusto e projetou a ciência do Brasil no mundo, principalmente nas últimas décadas. Desde 2007, a CAPES também apoia a formação inicial e continuada de professores da educação básica, fundamental para a qualificação dos profissionais do magistério.
O aumento do número de mestres e doutores -uma das poucas metas atingidas no Plano Nacional de Educação 2014-24 - acompanha o crescimento da produção científica no país, essencial para o desenvolvimento socioeconômico. Contudo, ainda temos cerca de cinco vezes menos doutores que a média dos países da OCDE; portanto, aumentar a formação de doutores é estratégico. Vale reiterar que estamos na era da sociedade do conhecimento e nenhum país se desenvolveu sem investir em ciência, tecnologia e inovação.
Nos últimos seis anos, o Brasil enfrentou um lamentável período de desvalorização das universidades e institutos de pesquisa, com base na falácia de que a formação de doutores não teria relevância estratégica. As bolsas de pós-graduação não tiveram reajuste por dez anos, afastando profissionais qualificados. Desde 2016, o orçamento destinado aos Ministérios da Educação e de Ciência, Tecnologia e Inovação diminuiu, impactando o progresso científico que florescia até 2015.
A reconstrução começou em 2023, com reajuste no valor das bolsas de pós-graduação em mais de 40%, aumento do número de bolsas, implementação de políticas para a redução de assimetrias e retomada de programas estratégicos. O orçamento da CAPES foi recomposto em R$ 2,45 bilhões, cerca de 50% a mais do que em 2022. O número de bolsas institucionais de mestrado e doutorado é o maior da série histórica, e o SNPG superou a marca de 350 mil matriculados. O número de titulados por ano retorna aos maiores patamares, enquanto a evasão na pós-graduação é a mais baixa da última década.
Até 2010, apenas Rio de Janeiro e São Paulo produziam a maior parte do conhecimento do Brasil. Em 2024, ainda temos assimetrias na distribuição dos programas de pós-graduação de excelência, com mais de 85% concentrados nas regiões Sul e Sudeste. No entanto, hoje encontramos programas de excelência em todas as regiões, demonstrando que a capacidade instalada permite o aumento de graduados, mestres e doutores de maneira inclusiva e equitativa.
Há esforço conjunto para reverter o desmonte da capacidade científica brasileira que se instalou até 2022. Trabalhamos com a convicção de que fortalecer a pós-graduação representa um futuro diferente para o país, que poderá se industrializar, produzir e exportar alta tecnologia -e não apenas matéria-prima. O envolvimento do Parlamento tem sido fundamental, com projetos estruturantes, como a Política Nacional de Assistência Estudantil e o projeto de lei sobre direitos trabalhistas para os pós-graduandos. Assim, não podemos concordar com a alegação de que ainda haja uma crise na pós-graduação.
EA evolução nos últimos anos é inegável, diante do cenário anterior. O enfraquecimento da educação superior e a diminuição da taxa de graduados, mestres e doutores no país nunca foi uma crise, mas um projeto, do qual devemos nos afastar para que o Brasil se torne um país mais justo e respeitado internacionalmente. Há muito trabalho pela frente, para continuar avançando e atendendo às demandas da comunidade acadêmica e da sociedade.
A reconstrução da pós-graduação brasileira é um desafio que requer união e esforço de toda a comunidade acadêmica.
A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) é um órgão vinculado ao Ministério da Educação (MEC).
(Brasília – Redação CGCOM/CAPES)
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