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Áreas de engenharia promovem ações para incrementar a formação de profissionais no país
A formação em engenharia é um dos desafios para o desenvolvimento do Brasil. O Plano Nacional de Pós-Graduação (PNPG) aponta que o Brasil vive hoje uma grande demanda por engenheiros e tecnólogos. Somente com o pré-sal, o setor de petróleo e gás deve contratar mais de 150 mil engenheiros em diferentes especialidades. Com a área formando apenas 11% dos doutores do Sistema Nacional de Pós-Graduação, se coloca a questão se a carência de engenheiros poderia comprometer o desenvolvimento de infraestrutura do país.
Reunidos para a Avaliação Trienal 2013 da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), os coordenadores das áreas de engenharia fazem um panorama da formação no país e traçam ações e estratégias que a comunidade acadêmica e o governo podem tomar para reverter esse quadro.
"O número de sengenheiros que temos no Brasil em relação à nossa economia e população é pequeno. Então, sem dúvidas, precisamos aumentar os nossos quadros", afirma o coordenador da área de engenharias I, Estevam Barbosa de Las Casas.
Um fenômeno que exemplifica a carência de profissionais na área é a vinda de engenheiros de outros países para trabalhar no país. "Hoje o que acontece é um fluxo de profissionais de outros países que vêm ao Brasil para trabalhar nas engenharias", afirma Las Casas. "Há muitos profissionais trabalhando no país que vêm da Espanha e Portugal", exemplifica o coordenador da área de Engenharias II, Carlos Sampaio.
Sampaio afirma ainda que a carência é sentida nas diversas áreas de formação. "Existe uma demanda muito grande por engenheiros capacitados em todas as áreas da engenharia, desde mineração até engenharia civil e como leva um tempo bastante grande até que ocorra a titulação de mestres e doutores, sem dúvida haverá uma demanda muito grande por esses profissionais".
Ações
Para minimizar a carência de formação na área, os coordenadores de engenharia são unânimes em apontar a melhoria dos programas atuais, com implementação de mais bolsas e a abertura de mais cursos de qualidade. Mas existem ainda diferentes ações que podem capacitar a formação de engenheiros no país. Para o coordenador da área de Engenharias II, Carlos Sampaio, o mestrado profissional é uma modalidade importante para se investir. "Se incentivado, o mestrado profissional pode suprir boa parte das demandas do mercado", afirma.
Essa opinião é compartilhada pelo coordenador da área de Engenharias III, Nei Soma. "As engenharias do país, na parte de pós-graduação, tem apostado na área prática, por isso os mestrados profissionais vêm crescendo de maneira significativa na área", explica. Ele destaca ainda o processo de cooperação entre cursos de pós-graduação para a melhoria da formação em regiões carentes do país. "Nós temos feito programas de nucleação com áreas mais carentes, cursos melhor classificados atuam juntos dos mais recentes e assim nós temos examinado o avanço da pós-graduação em direção ao Norte e ao Oeste do país", explica.
Graduação e educação básica
Os coordenadores afirmam que, além de voltar a atenção para a pós-graduação para resolver a questão das engenharias no país, é preciso promover a melhoria dos cursos de graduação e na educação básica. "Esse problema na pós-graduação é um reflexo do que acontece na graduação. Ao longo dos anos, houve um desinteresse dos estudantes para os cursos de engenharia, que são exigentes, demandam mais tempo e a remuneração do mercado não é adequada", conta o coordenador da Engenharias IV, Antônio Marcos.
De acordo com o coordenador, é importante fixar os alunos nos anos iniciais do curso. "Foi constatado que se o aluno de graduação de uma engenharia fica até o segundo ano e meio, ele consegue terminar o curso", explica. Assim, ele destaca o Programa Jovens Talentos para a Ciência (JTCIC), coordenado pela Capes, como iniciativa que pode reverter esse quadro. "Esse programa conseguiu segurar os alunos. Ainda não estamos vendo os efeitos disso, porque é um programa muito novo, mas acredito que é de fato um programa sério, objeto de políticas de governo, para fazer com que os estudantes jovens se interessem pela engenharia e assim alcance a pós-graduação", afirma.
O coordenador da área de Engenharias I, Estevam Barbosa De Las Casas, destaca a visão sistêmica da educação promovida pelo Ministério da Educação (MEC), que reúne esforços para a melhoria da educação básica como maneira de resolver problemas encontrados na educação superior. "A preocupação do Ministério da Educação hoje começa no ensino básico para poder preparar os estudantes inclusive para que um dia se interessem pelas engenharias, melhorando o ensino de matemática, física e ciências em geral", explica.
Grupo de trabalho
Com o objetivo de incrementar a formação de engenheiros no país, a Capes foi responsável, em 2010, pela criação de um grupo de trabalho com o objetivo de propor ações indutoras para estimular o ingresso de estudantes nos cursos na área. "O grupo estudou mecanismos de estímulos à formação de engenheiros na graduação e com reflexos óbvios na pós-graduação", afirma o coordenador da área de Engenharias IV, Antônio Marcos.
O coordenador explica que todas as áreas de engenharia foram convidadas para participar do grupo e fizeram sugestões, sendo que algumas já entraram em prática. "O incentivo aos alunos dos primeiros anos pelo Jovens Talentos e o estímulo às olimpíadas de conhecimento são bons exemplos. Ainda há espaço para melhorar, para novos programas, é uma ação que merece ser continuada para que as engenharias continuem o seu desenvolvimento", conclui.
( Pedro Matos )