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Aplicativo ajuda mães de prematuros na amamentação
Um aplicativo que ajuda mães de bebês prematuros na hora de amamentar. Esse é o AmamentaCoach , projeto criado por Gabriela Ramos Ferreira Curan, durante o primeiro ano de doutorado em Enfermagem. Mestre em Enfermagem, com especialização em Enfermagem Neonatal pela Universidade Estadual de Londrina (UEL), ela fez parte de sua pesquisa no The Mothering Transitions Research Group , laboratório vinculado à Universidade de Toronto (Canadá). A pesquisadora recebeu bolsas dos Programas de Doutorado-Sanduíche ( PDSE ) e de Demanda Social da CAPES.
Fale sobre o projeto de pesquisa e o seu desenvolvimento.
Em dezembro de 2020, concluímos a primeira versão do
AmamentaCoach
, que oferece às mães informações importantes e conteúdos para motivação e engajamento. Para desenvolver, foi fundamental estabelecer algumas parcerias e constituir uma equipe multiprofissional, composta por enfermeiras e por professores, alunos e profissionais da Engenharia de
Software
e de Ciência da Computação. Todos trabalharam voluntariamente no projeto. Especialistas brasileiros das áreas da neonatologia, do aleitamento materno e da psicologia realizaram a validação da aparência e do conteúdo do app, o que nos ajudou a refiná-lo antes de iniciarmos testes com mães reais.
Também foi importante cursar algumas capacitações, como um curso de Psicologia Positiva pela University of Pennsylvania . Apresentamos o projeto à Universidade e conseguimos a isenção total dos custos. Além disso, participamos na etapa Aprender e Estruturar do programa Catalisa ICT SEBRAE.
Fale sobre as etapas já concluídas.
Um primeiro estudo-piloto com o app foi conduzido no segundo semestre de 2021, com 55 mães de bebês prematuros do Hospital Universitário de Londrina – os dados estão sendo analisados. Também foi estabelecida uma parceria com professores e alunos do programa de Mestrado e Doutorado da Universidade Federal de Goiás, e o app será testado em um estudo clínico multicêntrico, envolvendo mães de bebês prematuros de Londrina e de Goiânia. Um piloto com mães goianas teve início em dezembro de 2021, e está em andamento. Queremos investigar se a utilização do aplicativo melhora a autoconfiança materna para a amamentação e as taxas de aleitamento materno. Foi estabelecida ainda uma parceria com um forte grupo de pesquisa da área materno-infantil cuja Investigadora Principal – Dra. Cindy-Lee Dennis - é vinculada à
University of Toronto
(Canadá).
Como o seu trabalho contribui para a sociedade?
Se todas as mulheres pudessem manter a amamentação exclusiva nos primeiros seis meses de vida dos bebês, evitariam desperdício global de US$1 bilhão por dia. Além disso, o aleitamento materno é a ação mais efetiva na redução da mortalidade infantil e traz incontáveis benefícios não somente para o bebê, mas também para a mãe, a família e a sociedade como um todo. Mas os bebês prematuros apresentam imaturidade em diversos sistemas que dificultam muito a amamentação, além de não possuírem coordenação e controle da sucção, deglutição e respiração para mamar no seio. A hospitalização prejudica o vínculo com a mãe, modifica a rotina da família e gera uma grande carga de estresse materno, o que reduz muito sua lactação. Para que essas mulheres (mães de prematuros) consigam amamentar, são necessárias muitas horas de trabalho da enfermagem. Além disso, a utilização de apps destaca-se como possibilidade de suporte sem a necessidade de encontros presenciais, o que no contexto da pandemia de COVID-19 é extremamente desejável. Aplicativos para
smartphones
têm sido utilizados em diversas condições de saúde, mas na promoção da amamentação ainda é uma realidade incipiente. Nossa revisão de escopo não identificou nenhum app em português voltado especificamente para a amamentação por mães de prematuros, nem na literatura científica, nem nas plataformas
Google Play
e
Apple Store
. Acreditamos que o
AmamentaCoach
possa ser uma ferramenta importante para apoiar essa população tão necessitada de um apoio especial para estabelecer a prática da amamentação.
Qual a importância da CAPES para o seu projeto?
Foi fundamental. Primeiro para viabilizar minha dedicação exclusiva ao projeto durante a importante etapa de submetê-lo à avaliação de especialistas, aprimorá-lo e iniciar algumas avaliações em teste-piloto com mães. Depois, durante o intercâmbio no Canadá, para impulsionar o potencial alcance do nosso trabalho, pois iniciamos o processo de desenvolvimento de uma versão em inglês do aplicativo, sob a coorientação da Dra. Cindy-Lee Dennis, uma pesquisadora de peso na área da autoconfiança materna para amamentar – um conceito que permeia todo o conteúdo do app. O processo de tradução para o inglês e adaptação cultural para a realidade do Canadá foi iniciado durante o intercâmbio. Especialistas canadenses em neonatologia, amamentação e psicologia também farão a validação de face e de conteúdo do aplicativo nesta segunda versão, chamada
The Breastfeeding Coach App
, que será testada entre mães de prematuros que residem no Canadá. Essa versão, constituída em uma língua reconhecidamente global, ampliará uma intervenção tecnológica brasileira inédita de suporte para uma perspectiva mundial.
Fale sobre o registro que receberam recentemente.
Com o apoio da Agência de Inovação da UEL (Aintec-UEL), foi conduzido o processo de Registro do aplicativo junto ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), onde obtivemos o Certificado de Registro de Programa de Computador. A proteção dada aos programas de computador é a mesma conferida às obras literárias pela
Lei nº 9610/1998,
a lei de direitos autorais e conexos. Essa é uma conquista importante para garantir a exclusividade na produção, no uso e na comercialização de um programa de computador e requer a devida comprovação de sua autoria. A vigência dos direitos relativos ao registro é de 50 anos, garantindo o sigilo absoluto das partes do programa entregues ao INPI. O registro de programa de computador tem abrangência internacional.
Legenda das imagens:
Banner e imagem 1:
Logotipo
da versão em português do aplicativo (Foto: Divulgação)
Imagem 2:
Gabriela Curan, enfermeira com especialização em Enfermagem Neonatal, foi bolsista DS e PDSE da CAPES
(Foto: Arquivo pessoal)
Imagem 3:
Imagens das telas do aplicativo
(Foto: Divulgação)
A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) é um órgão vinculado ao Ministério da Educação (MEC).
(Brasília – Redação CCS/CAPES)
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