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Agroflorestas potencializam agricultura familiar no Pampa
Bolsista da CAPES, a pesquisadora Jéssica Croda é engenheira florestal e mestre em Engenharia Agrícola pelo Programa de Pós-graduação em Engenharia Agrícola (PPGEA), ambos pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Atualmente, cursa doutorado em Engenharia Florestal pelo Programa de Pós-graduação em Engenharia Florestal (PPGEF), também na UFSM. O foco da sua pesquisa é o estudo dos sistemas agroflorestais para verificar como eles melhoram a qualidade do solo, a recarga hídrica, a conservação da biodiversidade e os serviços de provisão, além de diversificarem a produção da agricultura familiar, garantindo segurança alimentar.
O foco da sua pesquisa de doutorado são os sistemas agroflorestais. Por que escolheu este tema?
Sou apaixonada pela agrofloresta e pelo potencial de transformação ambiental, social e econômico que ela proporciona na vida das famílias. Não me imagino trabalhando ou pesquisando outro tema.
Os sistemas agroflorestais ou as agroflorestas, como são popularmente conhecidos, proporcionam a recuperação ambiental aliada à produção de alimentos de forma sustentável, sem degradar o meio ambiente, gerando renda, diversificando a propriedade rural, valorizando os conhecimentos tradicionais e melhorando a segurança alimentar das pessoas. Além disso, as famílias são os principais agentes multiplicadores, servindo de referência e incentivo para que outros sejam estimulados a trabalhar com agroecologia e sistemas agroflorestais.
Por que você optou por pesquisar o bioma Pampa?
Porque o bioma Pampa possui características sociais e naturais que exigem atenção. Entre os principais gargalos, destacam-se a pobreza rural e a supressão de áreas naturais. Além disso, 70% dos assentamentos da reforma agrária estão localizados no Pampa.
Eu nasci no Rio Grande do Sul, em uma região de transição entre os biomas Pampa e Mata Atlântica, e desde a graduação procurei trabalhar com a agricultura familiar. No mestrado, desenvolvi a pesquisa com os assentamentos da reforma agrária e sempre tive o objetivo de continuar trabalhando com esse grupo social, que vem servindo de incentivo e muito orgulho para a condução da atual pesquisa.
Como está o andamento da sua pesquisa?
Iniciamos o projeto em 2019, com uma etapa de intensa interação com as comunidades dos assentamentos. Foram muitas reuniões, conversas, entrevistas, e partimos para oficinas em que construímos uma organização do conhecimento das próprias famílias assentadas. Para isso, utilizamos a metodologia do Gráfico de Radar, construindo de forma participativa os indicadores agroflorestais. Essa fase foi muito rica e nos permitiu avaliar a qualidades dos sistemas agroflorestais a partir da percepção dos próprios agricultores e agricultoras.
A pandemia fez com que cancelássemos todas as atividades junto aos assentamentos, pois há muitos idosos e não podíamos expô-los e nem expor nossa equipe. Trabalhamos então os indicadores já levantados a partir da metodologia de redes, elaboramos uma cartilha que será lançada nos próximos meses e redefinimos o calendário de coleta de novos indicadores. Infelizmente a bandeira preta no Rio Grande do Sul, a partir de março, faz nossa programação necessitar de nova adaptação.
Quais os resultados você espera encontrar nesta pesquisa?
Com a pesquisa, buscamos obter um conjunto de indicadores socioeconômicos e ambientais para o monitoramento, a curto e médio prazo, do desempenho dos sistemas agroflorestais na melhoria da qualidade dos serviços ambientais.
Também priorizamos a elaboração de um protocolo de recomendações de arranjos agroflorestais e indicadores de avaliação, que servirão como suporte técnico-científico para políticas públicas de fortalecimento da agricultura familiar
Toda a sua trajetória acadêmica é ligada ao estudo do meio ambiente. Você parece ser apaixonada pela natureza...
Sou apaixonada pelos povos e as florestas. Essa é a frase que me resume e define. Desde a graduação voltei meus estudos para a agroecologia e a extensão rural e foi amor à primeira vista quando descobri que poderia trabalhar com essas duas temáticas em uma só: as agroflorestas. Na minha trajetória acadêmica participei de vários projetos em diferentes regiões do Brasil, que me proporcionaram muito aprendizado e crescimento profissional e pessoal. Durante o estágio supervisionado na Embrapa Agrobiologia em Seropédica, no Rio de Janeiro, participei do projeto de sistematização participativa de experiências e intercâmbio de conhecimentos em sistemas agroflorestais voltados à agricultura familiar em regiões da Mata Atlântica no sul e sudeste do Brasil (Seisaf). Além disso fiz Residência Agroflorestal na Universidade Federal de Rondônia (Unir), trabalhando com a agricultura familiar e os sistemas agroflorestais da Amazônia brasileira, onde concomitantemente realizei a minha pesquisa de mestrado
Qual importância da bolsa da CAPES para a sua formação?
Com certeza foi fundamental para que a realização do sonho de ser mestra, e agora doutoranda, fosse possível. A bolsa da CAPES é o nosso salário, o nosso reconhecimento como pesquisadores, e interfere diretamente na qualidade das pesquisas que são desenvolvidas.
Legenda das imagens:
Imagem 1:
Sistema de Agrofloresta em propriedade na região do Pampas - RS
(Foto: Arquivo pessoal)
Imagem 2:
Jéssica Croda, Doutoranda em Engenharia Ambiental pela UFSM
(Foto: Arquivo pessoal)
A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) é um órgão vinculado ao Ministério da Educação (MEC).
(Brasília – Redação CCS/CAPES)
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