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Diário 1 - Primeiras Impressões
Hoje, 26 de setembro de 2017, mais uma equipe de cientistas embarca em uma expedição de pesquisa pelo programa International Ocean Discovery Program (IODP). A Expedição 369 - Austrália Cretaceous Climate and Tectonics partirá de Hobart, Tasmânia, no navio Joides Resolution, e subirá pelo mar Índico até Perth, na costa Oeste da Austrália. O navio fará perfurações retirando amostras de solo para estudar, através da composição, estrutura e elementos presentes nessas amostras, o período Cretáceo do planeta, um período quente e rico em vida que ocorreu entre 145 e 55 milhões de anos atrás. Existem poucos elementos para estudar o Cretáceo, e o entendimento das dinâmicas do planeta nesta fase nos ajudam a compreender os chamados eventos anóxicos, por exemplo, fases em que o oceano se tornou pobre em oxigênio e que coincidem com extinções em massa.
Diante da importância desses estudos para a compreensão das mudanças passadas e do impacto de nossas ações sobre o planeta e previsão de novos eventos, o Brasil é um dos países parceiros do programa IODP e por meio da CAPES envia, pela primeira vez, uma agente de divulgação brasileira que fará parte da equipe de ações educacionais de divulgação de uma expedição.
Minhas formações em divulgação científica e experiência com produção de documentários parecem ter me preparado justamente para uma oportunidade como essa, uma imersão num ambiente de 24 horas de pesquisas e convivência de cientistas de várias áreas e de vários lugares do mundo.
Embarco hoje junto com uma equipe de 120 pessoas, entre pesquisadores do mundo todo (incluindo o paleontólogo brasileiro Rodrigo Guerra e o geólogo Gabriel Tagliaro) técnicos e tripulação de manutenção do navio. Após uma longa viagem e um período de adaptação ao fuso horário invertido, conheci Hobart, a cidade portuária da Tasmânia, de onde parterm diversas expedições de pesquisa, inclusive para a Antártida.
Um dia antes do embarque, conheci minhas parceiras de equipe, Viviam Cummings, fotógrafa e escritora freelancer e Charissa Ruth, educadora americana especialista em museus. Juntas subimos a um ponto alto da cidade e de lá vimos o Joides Resolution , navio do programa IODP, aportado após retornar da expedição anterior. Animadas e curiosas, começamos a imaginar nossos próximos dois meses em alto mar. Será que o navio é confortável? Como será a comida? Como serão as pessoas nos tratarão? Enjoos?
Pois bem, este é meu convite: navegue comigo não só pelo Oceano Índico, mas por laboratórios de Paleontologia, Paleomagnetismo, Microbiologia, Geologia e tudo que pode vir de uma experiência de dois meses em alto mar.
Até breve,
Cristiane Delfina
Acompanhe o Diário de Bordo da expedição IODP 369.