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Visite um museu, ainda que virtualmente
Criado em 1977, pelo Conselho Internacional dos Museus da UNESCO com o objetivo de incentivar as pessoas a conhecerem os museus e os acervos culturais neles presentes, e também chamar a atenção para a preservação cultural através dessas instituições, o Dia Internacional dos Museus é celebrado em 18 de maio.
A data festiva usualmente comemorava-se com uma grande agenda de programações nos Museus e Centros de Cultura com palestras, mesas redondas, exposições, mostras, apresentações musicais e de cultura e arte popular (Jornal dos Sports, http://memoria.bn.br/DocReader/112518_05/47479; Jornal do Commércio, http://memoria.bn.br/DocReader/364568_17/37220, Jornal do Brasil, http://memoria.bn.br/DocReader/030015_12/106114; Correio Braziliense, http://memoria.bn.br/DocReader/028274_05/74104). Devido ao momento delicado pelo qual passamos na atualidade, com a Pandemia de Covid-19, as atividades presenciais estão suspensas, para a proteção de visitantes e funcionários.
Este ano, o tema do Dia Internacional dos Museus é “Museus para a igualdade: diversidade e inclusão”. Visa trabalhar as múltiplas perspectivas que compõem as comunidades e os funcionários dos museus, a importância museológica e seu papel mediador entre patrimônio cultural e pessoas e a promoção de ferramentas para identificar e superar preconceitos através de seu acervo.
O termo Museu, que vem do grego e significa “Templo das Musas”, já era utilizado em Alexandria, na Antiguidade Clássica, para designar espaços dedicados ao estudo das artes e das ciências. Ao longo dos séculos, esses locais foram se tornando guardiões das tradições, memórias e histórias das sociedades humanas. Hoje, há Museus, Casas de Cultura e Arte, Centros de Cultura e Memória, espalhados por todo o globo terrestre.
Fazendo uma breve cronologia sobre o aparecimento desse tipo de instituição cultural no Brasil, podemos observar que as primeiras surgem no decorrer do século XIX, como: a Escola Real de Ciências, Artes e Ofícios, que precede atual Museu Nacional de Belas Artes (1816), oMuseu Real do Rio de Janeiro (1818), Museu do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro da Bahia (1838); o Museu do Exército (1864), o Museu da Marinha(1868), dentre outras. Aquelas instituições cumpririam, naquele momento, a função de propagar os estudos científicos nas mais diversas áreas de atuação, em especial, das Ciências Naturais. Entre fins da década de 1860 e 1930, com o surgimento das preocupações etnográficas, surge um novo modelo de definição museal: a voltada para o patrimônio sócio-cultural, ou seja, etnográfico, referendando suas pesquisas em História Geral de do Brasil, Geografia Geral e do Brasil, Paleontologia, Arqueologia e, especialmente, Antropologia. São exemplos desses: o Museu Paraense Emilio Goeldi (1866) o Museu Paulista, conhecido como Museu do Ipiranga (1894).
Na primeira metade do século XX, em razão da política nacionalista e centralizadora do Estado Novo (1937-1945), os Museus e seus acervos documentais passaram a ser administrados pelo Serviço de Patrimônio Artístico e Histórico Nacional-SPHAN (1937), criado pelo então Ministro da Educação e Saúde Gustavo Capanema e dirigido por Rodrigo Melo Franco de Andrade, desde a criação do Serviço até 1969, ano da morte de Melo Franco. Atualmente denominado Instituto de Patrimônio Artístico e Histórico Nacional (IPHAN), é responsável pela preservação do patrimônio brasileiro, seja ele material (obras físicas como arquitetura, conjuntos urbanos, esculturas dentro e fora de instituições museais, etc.), ou imaterial (tradições populares, expressões músicas, formas de preparo de alimentos e vestimentas, danças típicas, etc.). A autarquia também administrava todas as instituições museais brasileiras, o que mudou a partir de 2009.
Em 20 de janeiro de 2009, foi fundado o Instituto Brasileiro de Museus (IBRAM), autarquia que, criada a partir dos conhecimentos e experiências adquiridos no IPHAN, dedica-se exclusivamente a concentrar as demandas dos Museus e instituições congêneres, como Centros de Memória e Centros Culturais, Casas de Arte e Casas de Cultura.
Apesar dos grandes desafios que encontramos na preservação dos bens culturais do país (O Fluminense,http://memoria.bn.br/DocReader/100439_14/34786, Jornal do Brasil, http://memoria.bn.br/DocReader/030015_12/132972), o trabalho na salvaguarda da Memória e da História brasileira continua incessante.
Um exemplo é que, cada vez mais imersos em um mundo tecnológico, os Museus buscam constantemente inserir ferramentas virtuais que facilitam o acesso a documentação presente em seus acervos. Uma dessas é a chamada “visita virtual”. Inúmeros são os Museus, e entidades congêneres, que oferecem acesso on-line às suas galerias e corredores, bem como a consulta às fontes digitalizadas (Jornal do Brasil,http://memoria.bn.br/DocReader/030015_11/142761). Essas ferramentas cumprem dupla função: preservar o acervo e, consequentemente, a memória e a história de uma nação, evitando a exposição dos originais ao manuseio e a outras formas de dano ao suporte físico, bem como divulgar as obras existentes em seu patrimônio museológico. São importantes formas de garantir a difusão, o acesso e a preservação documental, entretanto, não têm a função de substituírem os documentos em sua forma original.
Ainda sobre a preservação documental, recentemente, o Brasil viveu a perda de um de seus mais importantes e preciosos Museus: o Museu Nacional, localizado na Quinta da Boa Vista, bairro de São Cristóvão-RJ. Em 2 de setembro de 2018, um incêndio de grandes proporções queimou exemplares que representavam parte da biodiversidade nacional e internacional, bem como artigos etnográficos, arqueológicos, paleontológicos, originados de acervo legalmente adquirido pelo Imperador D. Pedro II, além do acervo da bióloga e ativista brasileira Bertha Lutz, esses registrados como Patrimônio Mundial, no Programa Memória do Mundo da UNESCO. Em uma homenagem ao Museu, a Biblioteca Nacional disponibilizou através das coleções Brasiliana Iconográfica e Brasiliana Fotográfica, diversas imagens sobre esse importante patrimônio (https://www.brasilianaiconografica.art.br/artigos/20201/uma-homenagem-ao...).
A Biblioteca Nacional, apesar de ser um “Templo das Musas” na definição Clássica, já que lá se estudam artes e ciências, bem como se produz conhecimento científico, não é considerada um “Museu” no seu sentido administrativo. Contudo, ela é uma entidade cujos princípios de preservação documental são irmanados ao de uma instituição museal. E seus acervos documentais e bibliográficos, dentre outros, compõem grande parcela da Memória e da História Nacional, desde os tempos em que o Brasil era apenas uma colônia portuguesa até a atualidade.
(Raquel França dos Santos Ferreira e Rodrigo Basile)
Acesse
Museu Nacional, Rio de Janeiro
Palácio Imperial, Petrópolis/RJ
Museu do Ipiranga, São Paulo/SP
Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro/RJ
Museu Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro/RJ
Exposição no CCBB-RJ O Fluminense
Ofício ao diretor da Biblioteca Nacional, Raul dÁvila Pompéia, remetendo a Coleção de Numismática
"Exposições de moedas e medalhas" na Seç