Notícias
Vencedor chora ao receber a notícia
Ao ouvir a notícia de que tinha vencido o prêmio Literário Biblioteca Nacional 2020 na categoria romance, com a obra “Além do Rio dos Sinos”, o escritor gaúcho Menalton Braff, que mora há 50 anos no interior de São Paulo, fez uma confissão: tremeu e ficou com medo de infartar pela segunda vez na vida – a primeira foi em 2000, quando ganhou o Livro do Ano do prêmio Jabuti. Depois do susto, vieram o choro, a euforia e o vinho.
“É uma emoção muito grande, tinha pouca esperança porque vi que nomes conhecidos estavam inscritos. Pensei logo que ia perder para alguém muito bom. Agora, parei de trabalhar e vou encher a cara de vinho”.
Na verdade, ele põe a “culpa” da vitória em sua mulher, Roseli, responsável pela inscrição do livro no prêmio e que nunca deixou de acreditar. “Ela é doutoranda em estudos literários da UNESP de Araraquara, portanto, uma crítica qualificada. E ela diz que esse romance é visceral. ”É a história de um Brasil que o Brasil não conhece”, explica.
“Além do Rio dos Sinos” conta a história de uma família do Rio Grande do Sul que foi morar no alto de um morro, no Vale do Rio dos Sinos, abandonados, quase sem contato com o mundo.
Ali se dá o embate morro x várzea, a luta inglória dos solitários habitantes do morro infértil, cravado de pedras, e o sonho de habitar a várzea, menos inóspita àqueles que tiram da terra a sobrevivência. Mãe de quatro filhos, Florinda, acaba sozinha por lá, depois que os filhos, crescidos, se mudam. Ela se recusa a sair, por já ter escolhido o lugar onde quer ser enterrada, embaixo de uma árvore perto de sua casa.
Amor, ódio, traição, vingança, rancor e morte são temas candentes que se articulam - trágica e poeticamente - neste Além do Rio dos Sinos, de onde desponta, sobretudo, a força de uma mulher que ousou comandar sozinha a rédea de seu destino.