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Pesquisas de Thais Helena de Almeida e Isamara Carvalho - Laboratório de Restauração da FBN
VI Encontro Luso Brasileiro de Conservação-Restauração terá a participação de duas Conservadoras-Restauradoras da FBN
Os Encontros Luso-Brasileiro de Conservação e Restauração são eventos bianuais organizados desde 2011 alternado por instituições brasileiras e portuguesas. Um dos objetivos deste evento é aproximar e criar uma rede de profissionais, estudantes e instituições, ampliando o debate sobre a preservação do patrimônio cultural, a formação e atuação do profissional conservador-restaurador, o desenvolvimento das áreas da conservação, conservação preventiva e restauração no campo científico.
Em 2021 o VI Encontro Luso-Brasileiro de Conservação e Restauração acontecerá no Brasil, organizado pelo curso de Conservação e Restauração da UFPel. O tema “Conexões” foi definido por sintetizar a proposta de um evento online com novas perspectivas de comunicação, que nesta edição pretende fortalecer as relações já existentes entre profissionais brasileiros e portugueses.
Contando com uma programação de palestras, seminários temáticos, comunicação de trabalhos e várias atividades simultâneas, o Encontro traz o lançamento do livro Memórias dos Conservadores, Restauradores e Cientistas na preservação do acervo da Biblioteca Nacional / 1880-1980, de Thais Helena de Almeida, Conservadora-Restauradora da Fundação Biblioteca Nacional, além de sua comunicação sobre A construção social do conservador-restaurador no âmbito da Biblioteca Nacional entre 1880 e 1970, estruturada no hatibus do campo de atuação da preservação, como um conjunto de práticas e de conhecimentos característicos do restaurador-artista e do restaurador-cientista, nos séculos XIX e XX. Trajetórias reelaboradas através de documentos e depoimentos, entendidos como pistas, que possibilitaram perceber as estratégias sociais destes sujeitos, para a visibilidade da profissão.
A Conservadora-Restauradora Isamara Carvalho participa com a apresentação de duas comunicações sobre trabalhos realizados em parceria com profissionais do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro (IFRJ), que vêm colaborando com o Laboratório de Restauração da FBN na área de ciências aplicadas ao patrimônio desde 2019: Modelos PLS-DA obtidos com espectros FORS no visível para a determinação de seis pigmentos históricos azuis e verdes, e Modelos PLS-DA obtidos com espectros FORS no visível: determinação de nove pigmentos históricos amarelos, vermelhos e marrons, de autoria da servidora Isamara L. Carvalho e da Professora Dra. Ana Luísa de Q. Baddini Ramos (IFRJ), orientadora dos estudantes Letícia S. de Paula (IFRJ), Bernardo Cardeal G. D. Santos (UERJ), Maria Eduarda S. G. Simões (IFRJ) e Rafael M. Batalha (UFRJ). Os trabalhos apresentam uma ferramenta de quimiometria que está sendo desenvolvida para auxiliar na caracterização de pigmentos históricos azuis e verdes (primeiro trabalho), e de pigmentos amarelos, vermelhos e marrons (segundo trabalho), utilizados em pintura e iluminura da Antiguidade ao século XX – com especial interesse no século XV, com a aplicação do modelo às iluminuras do Livro de Horas CF-50,1,1 da Biblioteca Nacional. Essa ferramenta consiste em modelos matemáticos de previsão construídos com dados obtidos nas análises de Espectroscopia de Refletância de Fibra Óptica (FORS), realizadas no manuscrito em 2019. A sigla PLS-DA (Análise Discriminante pelo Método dos Mínimos Quadrados Parciais) refere-se a uma técnica de quimiometria usada para a construção dos modelos. Foram utilizados também, como conjunto de calibração, espectros de um banco de dados de acesso livre, o Cultural Heritage Science Open Source. Os modelos matemáticos resultantes previram, por exemplo, que os azuis das iluminuras do Livro de Horas contêm o pigmento azurita e que em apenas um fólio foi utilizado o lápis-lazúli; já os verdes são constituídos por malaquita, mas algumas podem conter o pigmento terra verde. Para as iluminuras amarelas, os modelos previram os pigmentos massicote, amarelo ocre e/ou siena natural e amarelo de chumbo e estanho tipo I – que também podem estar presentes nas cores marrons, assim como os pigmentos vermelhos mínio, vermelhão, além das lacas vermelhas. A vantagem dessa ferramenta é trazer maior agilidade ao trabalho de caracterização, pois faz a previsão de forma automática. Destaca-se que os trabalhos foram realizados durante a pandemia, apenas com os dados já obtidos e com um banco de dados disponível on-line.