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Personagens da Biblioteca Nacional: Januário da Cunha Barbosa
Gravura de Frei Januário da Cunha Barbosa.
Nascido no Rio de Janeiro em 10 de julho de 1780, Januário da Cunha Barbosa foi historiador, jornalista, poeta, biógrafo e político de muita importância no Primeiro Reinado, sendo ainda considerado um dos mais renomados filósofos brasileiros da sua época. Foi nomeado também pregador régio e cônego da Capela Real (posteriormente, Capela Imperial) em 1808, ano da chegada da corte portuguesa no Brasil.
Em 1821 fundou, ao lado de Joaquim Gonçalves Ledo, o “Revérbero: Constitucional Fluminense”, periódico que inicialmente defendia a conservação de um reino unido, evoluindo, posteriormente, para a defesa de um projeto nacionalista em prol da emancipação política do país. Contribuiu com biografias e estudos para a Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro – IHGB, instituição da qual foi o autor da proposta da fundação em 1838 e onde ocupou o cargo de primeiro secretário perpétuo. Muitas de suas obras, como A Rusga da Praia Grande e Os Garimpeiros, satirizavam figuras políticas do império e muitas dessas acabaram perdidas em arquivos nacionais e bibliotecas. Em grande parte dos trabalhos sobre historiografia do Brasil, a figura de Januário da Cunha Barbosa é mencionada por promover investigações e relatórios científicos sobre as diversas regiões da nação.
Januário Barbosa chegou a romper com o governo imperial e foi brevemente exilado, punição essa depois considerada uma injustiça. Ao retornar à Corte, voltou a apoiar D. Pedro I, que o condecorou com a Ordem do Cruzeiro e o nomeou para dirigir a Tipografia Nacional e o Diário Fluminense, órgão oficial do governo. Foi ainda deputado na primeira Assembléia Legislativa do Brasil, entre 1826 e 1829, representando a Província do Rio de Janeiro, e ainda assumiu um segundo mandato, não terminado, em 1845.
Uma façanha importante em seu currículo foi o cargo de Bibliotecário – o posto mais alto da Biblioteca Pública da Corte, atual Biblioteca Nacional. Tomou posse em 5 de novembro de 1839 e logo tratou de elaborar um diagnóstico das necessidades da instituição. Lutou para que a Biblioteca dispusesse de prédio mais adequado, posto que à época ocupava apenas o andar superior do prédio do Hospital da Ordem Terceira do Carmo. Reivindicou ainda o restabelecimento da Oficina de Livreiro e Encadernador, que havia funcionado anteriormente e se encontrava desativada, e manifestava preocupação de que as obras fossem encadernadas fora da instituição. Questionou também a clara falta de pessoal para trabalhar na Biblioteca. Solicitou constantemente que obras mais modernas fossem adquiridas, já que havia obras clássicas em abundância e se carecia de publicações mais recentes. Atualmente, o acervo de Manuscritos da Biblioteca Nacional conta com importante documentação acerca de seu mandato.
Januário da Cunha Barbosa faleceu durante o exercício do cargo, em 22 de fevereiro de 1846, sendo substituído por José de Assis Alves Branco Moniz Barreto.
(Rodrigo Basile)
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