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Personagens da Biblioteca Nacional – Ramiz Galvão
Ramiz Galvão
Benjamin Franklin Ramiz Galvão, o Barão de Ramiz, nasceu em Rio Pardo (RS) em 16 de junho de 1846. Filho de João Galvão e de D. Maria Joana Ramiz Galvão, veio aos seis anos para o Rio de Janeiro, onde, com o apoio do Imperador, estudou no Colégio Pedro II, bacharelando-se em Letras em 1861. Com 19 anos escreveu o seu primeiro livro, “O púlpito no Brasil”, publicado em 1867. Foi médico, professor, filólogo, biógrafo, orador e lecionou grego, retórica, poética e literatura brasileira no colégio onde se graduou. Formou-se em Medicina em 1868 e trabalhou inicialmente como cirurgião no Hospital Militar da Ponta da Armação. No ano seguinte abraçou o magistério e lecionou retórica na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. Boa parte dos seus 92 anos de vida foram dedicados às letras.
Dentre os seus trabalhos mais proeminentes destaca-se aquele que exerceu por 12 anos, quando em 1870, foi chamado para assumir o cargo de diretor da Biblioteca Nacional. Assumiu a direção da casa após a morte de seu antecessor, Frei Camilo de Montserrat, herdando uma série de problemas. A instituição estava lotada em um edifício precário – no Largo da Lapa – que, à época, ficava distante do centro da cidade e, portanto, afastada das instituições de ensino, das livrarias e de seu público. Devido à falta de verbas para uma nova sede, Ramiz Galvão angariou recursos vindos do Ministério do Império e reformou parte do prédio, instalou a iluminação a gás e com isso, em 1872, conseguiu autorização para ampliar o horário de atendimento ao público, possibilitando assim a abertura no período noturno.
Após uma viagem à Europa, instituiu também mudanças logísticas, incluindo a elaboração de novos estatutos. A partir de então, a Biblioteca passou a ser dividida em três seções: impressos e cartas geográficas, manuscritos e estampas. Em 1876, iniciou a publicação dos Anais da Biblioteca Nacional, periódico que permitiu acesso ao público a preciosidades e documentos autênticos da história brasileira. Foi também em sua administração que se realizou o primeiro concurso para ingresso de funcionários na instituição, no qual foi aprovado o jovem Capistrano de Abreu.
Ao final de sua gestão Ramiz Galvão consolidou o que seria a sua realização mais marcante: a realização da Exposição de História e Geografia do Brasil. Inaugurada em 2 de dezembro de 1881 – dia do aniversário do imperador D. Pedro II – a exposição reuniu uma grande massa de publicações sobre a história do país. Durou cerca de um mês e foi bem-sucedida, rendendo muitos elogios aos funcionários da Biblioteca, especialmente ao seu administrador. O objetivo da exposição era oferecer ao público “tudo o que concerne à história pátria”, nas palavras do próprio Ramiz Galvão.
A organização da exposição levou alguns anos e a equipe coordenada por Ramiz Galvão – da qual fez parte Capistrano de Abreu – fez um extenso levantamento de documentos para a curadoria. Dela constavam “documentos impressos, manuscritos e desenhados” que formavam “as riquezas históricas do país”, pertencentes ao acervo da Biblioteca Nacional e também provenientes de coleções particulares e de outras instituições do Brasil. Ao final da exposição muitos documentos cedidos por terceiros foram doados e passaram a integrar o acervo da Biblioteca Nacional.
Ramiz Galvão deixou a Biblioteca em 1882, quando foi convidado a ser preceptor dos príncipes imperiais, netos de D. Pedro II, e filhos do Conde d’Eu e da Princesa Isabel. Ocupou essa função até a Proclamação da República – em 1889 – quando a Família Imperial partiu para o exílio. Foi ainda diretor-geral da Instrução Pública do Distrito Federal e o primeiro reitor da Universidade do Brasil.
A presença de Ramiz Galvão na história da Filologia ficou marcada com o seu “Vocabulário etimológico, ortográfico e prosódico das palavras portuguesas derivadas da língua grega”, publicado em 1909. Foi sócio grande benemérito do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, do qual foi orador perpétuo, e membro honorário da Academia Nacional de Medicina, além de diversas associações científicas e literárias. Em 12 de abril de 1928 foi eleito para ser o segundo ocupante da cadeira 32 da Academia Brasileira de Letras, sendo recebido em 23 de junho pelo acadêmico Fernando Magalhães. É também patrono da cadeira 9 da Academia Rio-Grandense de Letras.
Faleceu no Rio de Janeiro em 9 de março de 1938, deixando um enorme legado, incluindo uma rica coleção de manuscritos na Biblioteca Nacional. A seção de Obras Gerais da instituição ocupa um espaço chamado “Sala Ramiz Galvão”, em uma justa homenagem a um dos seus principais administradores.
Para conhecer um pouco mais sobre a vida e obra e ver alguns documentos de Ramiz Galvão, acesse:
http://bndigital.bn.gov.br/dossies/biblioteca-nacional-200-anos/os-personagens/benjamin-franklin-ramiz-galvao/