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Perfil | O pesquisador Luís Falcão desenvolve o projeto de pesquisa A repercussão do pensamento republicano na Independência do Brasil: análise de periódicos do Rio de Janeiro (1821-1822)
Luís Falcão, pesquisador do Programa Nacional de Apoio à Pesquisa da Fundação Biblioteca Nacional.
O projeto de pesquisa A repercussão do pensamento republicano na Independência do Brasil: análise de periódicos do Rio de Janeiro (1821-1822) se situa no campo de estudos em destaque atualmente em diversas universidades e instituições de vários países. O desenvolvimento das investigações sobre o republicanismo tem ganhado espaço nas últimas décadas, particularmente, em lugares fora da Europa. Assim, o projeto visa reconhecer a presença de elementos republicanos nos discursos públicos veiculados na imprensa carioca no contexto da Independência. Trata-se de evidenciar a defesa de um país autogovernado, gerido por leis que blindam autoritarismos arbitrários, com a liberdade e cidadania garantidas constitucionalmente. A disputa em torno do regime que se anunciava, se mais próximo de controles constitucionais modernos ou do Antigo Regime europeu, teve a marcante presença da tradição republicana moderna, não apenas nos termos jurídicos formais, como o próprio constitucionalismo na forma da divisão de poderes políticos, mas também na assunção de princípios, como a participação, a virtude cívica e a cidadania. Os periódicos O reverbero constitucional fluminense e O correio do Rio de Janeiro foram as publicações mais vocacionadas nessa agenda republicana. A Fundação Biblioteca Nacional possui todas as edições de ambas as publicações e nelas consiste no principal material de trabalho da pesquisa.
Ainda que a crítica ao monarquismo seja velada, não se deve negligenciar o emprego de importantes personagens, do Renascimento italiano, das Guerras Civis inglesas, das Revoluções americana e francesa, no intuito de usá-los como argumento de autoridade e, sobretudo, adaptar às condições nacionais o republicanismo a partir dessas experiências. Desse modo, o projeto está incluído em uma agenda de pesquisas mais ampla e se vincula ao Laboratório de Estudos Republicanos da Universidade Federal Fluminense (LER-UFF). A recente agenda das pesquisas republicanas se centra em experiências de processos de independência na América Latina, na África e em regiões periféricas da Europa e traz consigo o imperativo de revisitar temas consagrados das ciências humanas a fim de perscrutá-los sob o ângulo dessa tradição política.
Há dois objetivos mais imediatos do presente projeto. Primeiro, avaliar a presença do discurso político republicano no contexto da Independência do Brasil à luz da recepção dessa tradição na modernidade ocidental. Segundo, em consonância com algumas publicações recentes de documentos da época, pretende-se apresentar uma seleção dos textos publicados nesses periódicos mais representativa da dinâmica política debatida naquele contexto, que seja capaz de mostrar que havia um republicanismo difuso, embora consistente, já no período da Independência.
Luís Falcão possui graduação em Ciências Sociais pela Universidade Federal Fluminense (2008), graduação em Economia pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (2009), mestrado (2010) e doutorado (2015) em Ciência Política pelo Instituto de Estudos Sociais e Políticos da UERJ, com ênfase em teoria política moderna e período sanduíche (2013-2014) na Università degli Studi di Milano, Itália. Iniciou a docência na UFF em 2011, tendo se tornado professor adjunto em 2015 e membro do Programa de Pós-Graduação em Ciência Política (PPGCP/UFF) em 2016 onde, desde 2017, coordena o Laboratório de Estudos Republicanos (LER). Em 2022, foi professor visitante de teoria política moderna na Aix-Marseille Université (AMU) em Aix-en-Provence, França, junto ao Centre Aixois d’Études Romanes (CAER). Atualmente, é também pesquisador da Fundação Biblioteca Nacional (FBN). Autor dos livros “Maquiavel, Montesquieu e Madison: uma tradição republicana em duas perspectivas” (Azougue, 2013), “Algernon Sidney: um pensador republicano do século XVII” (EdUFF, 2019), “Algernon Sidney between modern natural rights and Machiavellian republicanism” (Cambridge Scholars Publishing, 2020), “O pensamento político de James Harrington: maquiavelismo, republicanismo e inovação” (EdUFABC, 2020) e “Ensaios republicanos” (Appris, 2021).
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