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Perfil | Marina Maria de Lira Rocha desenvolve o projeto intitulado "O caleidoscópio do horror: crimes e criminosos sob a ótica da Revista Archivo Vermelho (1918-1921)"
Marina Maria de Lira Rocha, pesquisadora e bolsista do Programa de Apoio à Pesquisa da Biblioteca Nacional.
Pesquisadora do Programa de Apoio à Pesquisa (PAP) da Biblioteca Nacional, Marina Maria de Lira Rocha desenvolve o projeto intitulado O caleidoscópio do horror: crimes e criminosos sob a ótica da Revista Archivo Vermelho (1918-1921). Esta revista, com o subtítulo Revista Policial Ilustrada, posteriormente modificado para Revista Policial Criminal e Forense, circulou sobretudo pela cidade do Rio de Janeiro com uma tiragem entre 12 mil e 15 mil exemplares, a cada quinzena.
Seu propósito era registrar os crimes e criminosos ou suspeitos de infrações cometidas especialmente na capital federal, mas não restritos a ela, tornando-se uma espécie de arquivo de informações para jornalistas e profissionais forenses sobre acontecimentos policiais. Além disso, Archivo Vermelho analisava tecnicamente as questões forenses, os julgamentos, os andamentos das investigações, as sessões do júri, os processos criminais e os pedidos de habeas corpus.
Nesse sentido, temos a presença na redação de grandes nomes da história da advocacia e do jornalismo, como por exemplo Silva Paranhos, jornalista de reportagens policiais, criador e diretor da Revista Archivo Vermelho; Evaristo de Moraes, advogado, redator-chefe da revista e responsável pela coluna de grande repercussão “Reminiscências de um rábula criminalista”; Bento Faria, advogado, especializado em direito comercial, que foi delegado auxiliar da polícia, deputado na Câmara Estadual do Rio de Janeiro e fundador da Revista de Direito Civil, Comercial e Criminal; Nicanor do Nascimento, advogado, deputado federal (1911-1917) e grande defensor de regulamentações trabalhistas, entre outras figuras importantes da Primeira República brasileira.
Desde seu princípio, pode-se perceber um propósito da revista em divulgar um “programa” de correção de problemas associados à criminalidade, realizando uma orientação moralizadora das questões denominadas “patologias sociais”, como a prostituição, o alcoolismo, o lenocínio, o roubo, o assassinato etc. Entrelaçadas às questões de organizações políticas e trabalhistas e repressões policiais às populações pobres, as matérias da revista contemplavam as patologias com o cotidiano social da cidade. Assim, o propósito da pesquisa é examinar a visão de Archivo Vermelho sobre os crimes e os criminosos, realizando uma análise crítica sobre suas exposições, explicações e proposições à opinião pública.
Marina Maria de Lira Rocha é doutora pelo Programa de Pós-graduação em História Social da Universidade de São Paulo (2018), onde desenvolveu a tese “El río nos quedó adentro”: direitos humanos e debates sobre desaparecimento forçado e genocídio na Justiça de Transição do território rio-platense, com mestrado no Programa de Pós-graduação em História da Universidade Federal Fluminense (2011). Atua como professora da disciplina de História no Ensino Fundamental e é associada ao Centro de Investigação Transdisciplinar Cultura, Espaço, Memória (CITCEM – Universidade do Porto, Portugal). Tem experiência nas áreas de História da América, História Política e Cultural, História da Imprensa, Memória e Direitos Humanos.