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Jorge Amado: uma exposição na Biblioteca Nacional
Bahia de todos os santos
Olhar pra Bahia através da obra de Jorge Amado é como conhecer aquele estado sem nunca ter lá pisado. Jorge Amado (1912-2001) é um escritor baiano que retratou em suas obras a Bahia e o povo do século XX. Em suas ficções de cunho regionalista o autor apresenta com grande maestria e bom humor a alegria de um povo predominantemente negro que sofreu com a escravização e com o preconceito de sua raça e sua cultura.
É impossível não se comover com a história de Pedro Bala em Capitães de areia, obra em que figura a denúncia do abandono de crianças e a marginalização social sofrida por elas. Em Jubiabá acompanhamos a história de um amor inter-racial proibido e as questões raciais vividas por Antonio Balduíno até se tornar representante do movimento grevista.
Em Tenda dos milagres conhecemos a cultura das religiões de matriz africana, o higienismo e a luta do povo negro por cidadania. Os encantos de Gabriela nos arrebatam, mostrando que mesmo em meio à miséria há uma beleza exótica, selvagem e ao mesmo tempo doce. E quem nunca se imaginou largando tudo para viver como Quincas Berro D’água? Essas entre outras tantas obras de Jorge Amado apresentam ao mundo as raízes do povo brasileiro.
Foi em 1931 que o escritor lançou sua primeira obra chamada O país do carnaval. Trinta anos depois Jorge Amado já havia estabelecido uma carreira internacional com obras publicadas em mais de trinta línguas. Em maio de 1961 a Biblioteca Nacional inaugurou uma exposição com as obras do autor publicadas nas mais diversas línguas, apresentando a imponência que o autor já possuía naquela época.
O catálogo dessa exposição está disponível no link:
http://objdigital.bn.br/acervo_digital/div_iconografia/icon1285801.pdf
No texto de abertura do catálogo, o diretor geral da BN, Adonias Filho, apresenta sua visão sobre a obra de Jorge Amado “Explica-se, em conseqüência, a exposição promovida pela Biblioteca Nacional. Nos livros expostos, todos esses romances em tantas línguas, não há apenas inteligência criadora, artesanato e vocação literária. E não há tão somente um círculo a configurar os poderes de uma ficção. Há sobretudo um país — o nosso país — queem suas páginas se retrata, e de maneira definitiva, através dos blocos episódicos.”