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BN promove evento solene de entrega da Medalha Biblioteca Nacional
Ocorre hoje, 1º de julho, no saguão do prédio da Fundação Biblioteca Nacional, a entrega da Medalha Biblioteca Nacional, honraria dada ao mérito do livro, criada pela Deliberação nº 63 de 1º de novembro de 1984, da Diretoria-Geral e concedida para aqueles que, de maneira diversa, estabelecem e mantêm liames com a Biblioteca e para os que, com seu trabalho, contribuíram para o engrandecimento da Instituição, difusão do livro e da cultura.
Este ano, a cerimônia foi dividida em duas sessões. Pela manhã: intelectuais, pesquisadores, representantes de instituições culturais e ex-servidores da instituição. À tarde, personalidades da sociedade civil e autoridades públicas.
Por razões sanitárias e de segurança, solicitou-se que cada homenageado trouxesse apenas um acompanhante, se possível. Devido a presença de autoridades, há um esquema de forte de segurança.
Leia na íntegra o discurso do Presidente da Fundação Biblioteca Nacional, Luiz Carlos Ramiro Júnior, proferido por ocasião do início da cerimônia:
DISCURSO DO PRESIDENTE DA BIBLIOTECA NACIONAL, LUIZ CARLOS RAMIRO JÚNIOR
"Senhoras e senhores,
Em seus 212 anos de existência, a Biblioteca Nacional tem recebido em suas salas de leitura os nomes mais significativos da cultura brasileira. Depositária da memória gráfica do país, é ela o maior centro de pesquisas bibliográficas de que dispõem os estudiosos — sobretudo nas áreas das Letras, História, Iconografia, Biblioteconomia e demais ciências.
Este ano, o Brasil comemora 200 anos de Independência. Como parte da história e guardiã da memória do País, esta Casa retoma a tradicional entrega da Medalha Biblioteca Nacional, criada em 1984, para homenagear personalidades brasileiras e estrangeiras que tenham colaborado com a Instituição no sentido de manutenção, engrandecimento e, consequentemente, do desenvolvimento da cultura.
A honraria, dada ao Mérito do Livro, que nesse ano está sendo mobilizada por ocasião do Bicentenário da Independência, foi antecipada em virtude da legislação eleitoral. Mas veio a calhar, pois hoje, 1º de Julho, é o Dia Mundial das Bibliotecas.
Essa antecipação se deu porque a partir de amanhã, dia 2 de julho, a legislação eleitoral irá impor uma série de restrições a qualquer ação que possa ser interpretada como propaganda eleitoral, até o fim do período eleitoral de 2022. Apesar de todas as ações desta instituição serem de Estado, prudentemente, é necessário que a instituição observe devidamente as leis eleitorais, especialmente segundo orientações da SECULT, Ministério do Turismo e SECOM, Governo Federal. Devido à antecipação, muitos laureados, que foram pegos de surpresa ao saberem que seus nomes haviam sido escolhidos para a recepção do prêmio, não puderam, naturalmente, comparecer. Compreendemos perfeitamente. Projetamos outra ação de entrega após o período eleitoral, ou, individualmente em entregas solenes no Gabinete da Presidência da Biblioteca Nacional.
Ao mesmo tempo, não poderíamos deixar de agradecer imensamente a todos que conseguiram chegar até aqui, para participar deste evento solene, necessário para a oxigenação e fortalecimento de uma Instituição que está sempre aberta a todos os campos do conhecimento e culturas, lugar de diálogo com o passado, de criação e inovação, memória, restauração e projeção do Brasil; amplo teatro e testemunho do mundo. Afinal, a responsabilidade de guarda, memória e produção de conteúdo a partir do acervo desta instituição é uma tarefa civilizacional.
Serão entregues 200 medalhas aludindo aos 200 anos da Independência do Brasil, resultado de uma seleção observada pelo Presidente da Biblioteca Nacional e sua equipe, e, referendada pelo Secretário Nacional de Cultura.
Mas o que contribui, decisivamente, para o status de tal honraria?
Menos o seu valor material, menos a qualidade do trabalho do artista que a criou, e mais, muito mais, o acerto na escolha das pessoas às quais a medalha é concedida.
Por acerto refiro-me, naturalmente, a fazer justiça àqueles que dedicaram inteligência e labor a engrandecer nosso país. Refiro-me sobretudo àqueles que dedicaram suas vidas a pesquisa da verdade, colocando-a a serviço do próximo. Pois, como disse acertadamente Maria Alice Barroso, ex-Diretora-Geral da Biblioteca Nacional, em discurso proferido durante a solenidade de entrega da medalha "Biblioteca Nacional", em 1985, "A Cultura baseia sua nobreza e sua dignidade na verdade que ela é capaz de expressar. Será somente pela busca desinteressada da verdade que a Cultura poderá preservar sua liberdade, defendendo-se contra toda tentativa de manipulações não só ideológicas como do próprio poder."
A premiação, sucinta e simples, ocorrerá em dois momentos: na parte da manhã, com ex-servidores, intelectuais e instituições irmãs e vizinhas, e membros de instituições culturais nacionais. Na parte da tarde, com políticos, empresários, personalidades públicas, secretários e ministros, e membros da sociedade civil.
Na parte da manhã o diploma da comenda observa o Mérito Cultural, pela dedicação que presta à Cultura e à Biblioteca Nacional do Brasil. Aos agraciados do período da tarde consideramos aqueles que são Amigos da Cultura e da Biblioteca Nacional, pessoas com importantes ações no país e que são convidadas a fortalecerem seus vínculos com a nossa instituição ou se aproximarem ainda mais dos nossos desígnios.
Ao homenagearmos os servidores aposentados e ex-dirigentes, sublinhamos que são pessoas integrantes da trajetória institucional, parte integrante do desenvolvimento da Fundação Biblioteca Nacional. Este evento é uma forma de reconhecimento e gratidão pelos serviços prestados à Instituição. Sabemos que o que constrói a história cotidiana desta biblioteca é justamente a participação dessas pessoas que estão no dia-a-dia da gestão pública.
Quanto à homenagem feita aos intelectuais, recordemos a descrição feita por São Bernardo de Claraval sobre os tipos de homens de cultura com os quais nos deparamos ao longo da História. Segundo o grande mestre são cinco os motivos que podem incitar o ser humano a estudar, a adquirir conhecimento.
Existe aquele que somente visa o saber pelo saber: essa é uma curiosidade rasteira. Outros aspiram conhecer para serem conhecidos. Há também aqueles que visam adquirir conhecimento para revendê-lo, ou seja, transformá-lo em dinheiro e em honrarias: trata-se de uma motivação que era tida como menos elogiável.
Porém, há os que desejam saber, conhecer, para construir: trata-se do amor ao semelhante. Alguns, ainda, para ordenarem a própria alma: e aí temos a verdadeira sabedoria.
São os que buscam o conhecimento para o bem que reconhecemos aqui como pessoas merecedoras da nossa estima.
Ainda nesta manhã contemplamos as instituições parceiras e amigas, que se empenham conjuntamente na adoção de práticas capazes de assegurar a permanência da memória de nosso povo e de nossa cultura. Acreditamos que cultura materializa o direito de ser o que somos, perpetuando-nos nas gerações futuras. É o modo como um povo sente e se expressa, segundo uma mesma identidade intertemporal. Ser é permanecer, dizia João Camilo de Oliveira Torres. Uma ruptura absoluta com nosso passado seria a destruição de nossa unidade cultural, de modo a nascer algo completamente novo no lugar, produzindo um cisma na alma coletiva.
Na parte da tarde, homenagearemos os homens públicos, demais intelectuais, personalidades da sociedade civil. Desde membros dos mais altos cargos públicos, do executivo, legislativo e judiciário, até pessoas que atuam na ponta da sociedade fazendo micro-revoluções, que fazem a diferença na vida de tantos.
Com tal premiação, a Fundação Biblioteca Nacional sinaliza, assim, um movimento de abertura à sociedade civil e convida o público se aproximar. Convida assim políticos, empresários, personalidades públicas e ministros a pensar a identidade brasileira sob a categoria da permanência e o fazer público e a promoção da cultura como um legado para o futuro.
A iniciativa visa incorporar as lentes do amor ao Brasil e sua história na gestão e auxílio das instituições culturais, a partir de ações efetivas que promovam interações positivas, proximidade entre serviços e mudanças duradouras nos cenários que moldam a sociedade brasileira.
Claro está até aqui, senhores, que esta Biblioteca se diferencia de todas as demais porque não apenas se divulga informação, mas também se põe à reflexão. Por ter tamanha importância, nossos desafios são grandes e transcendem o fato de disseminar a informação, a ciência e a cultura - a Biblioteca Nacional como um todo é parte essencial de uma nação soberana, independente e livre, dispondo de diferentes meios para transmitir a informação, seja impresso, seja digital. Mas como todos sabem, ainda que tenhamos uma bela arquitetura, equipamentos sofisticas e modernos, servidores qualificados e dedicados, nenhum desses requisitos será suficiente para que se mantenha a Biblioteca Nacional do Brasil. É preciso o empenho de todos aqueles que podem ajudá-la de alguma forma, tendo em vista a sua atuação em favor da sustentabilidade cultural, da democratização e da difusão da cultura, do conhecimento e da inovação. Não é fácil. Affonso Romano de Sant'anna, que já foi presidente da Fundação Biblioteca Nacional, e hoje receberia presencialmente a Medalha, mas não pode comparecer, infelizmente, dizia algo como: "no serviço público a roda é quadrada e a carruagem tem que andar."
Aí temos, Senhoras e Senhores, algumas das razões para esta solenidade. Foi visando homenagear tanto o trabalho quando o apoio que é dado e também solicitado a vocês, que nós, da Fundação Biblioteca Nacional, convocamos este evento. Desejamos, sinceramente, que encontrem nesta singela homenagem o símbolo de uma irreversível amizade.
Muito obrigado."
Veja aqui a lista dos convidados que confirmaram sua presença na primeira etapa da entrega.
Veja aqui a lista dos convidados que confirmaram sua presença na segunda etapa da entrega.
Veja aqui a lista completa dos convidados da entrega.
Lista Completa de Agraciados com a Medalha Biblioteca Nacional - Atualizado em 30/12/2022.