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Foram celebrados os 214 anos da instituição cultural mais antiga do Brasil
Biblioteca Nacional é homenageada em sessão especial do Senado Federal
O dia 31 de outubro de 2024 foi histórico para a Biblioteca Nacional: a instituição cultural mais antiga do Brasil, vinculada ao Ministério da Cultura (MinC), foi homenageada em sessão especial no plenário do Senado Federal, em razão de seus 214 anos, completados no último dia 29/10. A sessão foi presidida pelo senador Paulo Paim (PT/RS), e contou com as presenças da ministra da Cultura, Margareth Menezes; da diretora-executiva da Fundação Biblioteca Nacional (FBN), Suely Dias; e do presidente da FBN, Marco Lucchesi.
A solenidade foi transmitida ao vivo pela TV Senado, e pode ser assistida na íntegra no link: https://www.youtube.com/live/ewpqlWjpe3k .
Monumento da cultura nacional
No início da solenidade, após a execução do Hino Nacional, o senador Paulo Paim agradeceu ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD/MG), pela oportunidade de presidir a sessão especial. Em seguida, falou sobre a história inicial da Biblioteca Nacional (BN), fundada em 1810 por D. João VI, e destacou seu papel central na atualidade brasileira, por sua missão de salvaguarda e difusão da produção intelectual brasileira. Paim parabenizou a todas as gerações de profissionais e gestores da BN.
“São servidores que resistem, há 214 anos, às variações de disposição dos governantes brasileiros para com as questões de cultura - que infelizmente ainda oscila entre o engajamento e o esquecimento do setor. Conhecemos as dificuldades de operação da instituição, muitas vezes premida pela questão do espaço para ao acervo físico e pela escassez de recursos e profissionais. Deste Senado, procuramos colaborar, dentro do possível, com a preservação e desenvolvimento de suas importantes a atividades. A todos que fazem da Fundação Biblioteca Nacional este monumento da cultura nacional - seus dirigente, servidores e frequentadores - parabéns por mais este aniversário”, disse Paim.
Amor pelo saber
Em seguida, a ministra da Cultura, Margareth Menezes iniciou seu discurso reforçando a importância dos servidores públicos do setor cultural. Celebrou a volta do Ministério da Cultura e enumerou programas e projetos da FBN, como o Programa de Apoio a Tradução e à Publicação de Autores Brasileiros no Exterior – realizado em parceria com o Ministério das Relações Exteriores (MRE) – e o Prêmio Camões, principal premiação da literatura em língua portuguesa, realizado em conjunto com o governo de Portugal. A ministra também ressaltou a importância da modernização da Biblioteca Nacional.
“Nos últimos anos a Biblioteca Nacional tem se reinventado com projetos notáveis, que demonstram seu compromisso com a modernização e a inclusão: hoje, assistimos a digitalização de acervos, a criação de plataformas digitais e desenvolvimento de iniciativas que tornam o conhecimento acessível, independente de sua localização. Esses esforços são vitais em uma era onde a informação circula de forma mais rápida e contínua. A Biblioteca está, assim, se moldando a um novo tempo, mas sem perder a essência que a torna tão especial: o amor pelo saber”, afirmou a ministra Margareth Menezes.
Gestão inovadora e estratégica
A próxima a discursar foi a diretora-executiva da FBN, a bibliotecária e servidora Suely Dias. Em sua fala, Suely elencou as responsabilidades institucionais da entidade para com o Estado Brasileiro, mencionando a Lei do Depósito Legal. Também ressaltou a importância do acervo da FBN e, em específico, das 14 coleções nominadas pela UNESCO como “Memória do Mundo”. Citou a grandiosidade da BNDigital, com mais de 3 milhões de documentos digitalizados e quase 100 milhões de acessos por ano.
Suely falou, ainda, sobre a participação da FBN na Associação de Bibliotecas Nacionais Ibero-americanas (ABINIA) e sobre o Projeto Resgate Barão do Rio Branco. Citou outras ações estratégicas, como os programas de apoio à pesquisa, a produção editorial e a realização de eventos técnicos, científicos e culturais.
“Essa instituição bicentenária busca alinhar-se a uma gestão inovadora e estratégica, vetores determinantes para o fortalecimento e o aprimoramento e melhoria da capacidade institucional em cumprimento à missão de coleta e salvaguarda da memória bibliográfica brasileira. A BN está ancorada aos princípios da governança, cujos atributos devem corresponder à dimensão do seu papel na execução das políticas de Estado, materializando o direito constitucionalmente assegurado do pleno exercício dos direitos culturais – cujo alcance, dentro outros pontos, caracteriza-se pelo direito de acesso à cultura e à memória brasileira”, afirmou Suely Dias.
Livros ao invés de armas
O último discurso foi proferido pelo presidente da FBN, Marco Lucchesi, que ressaltou a importância da Biblioteca Nacional para o Brasil, para a República e para a democracia. Lucchesi citou projetos e ações realizadas ao longo de sua gestão à frente da FBN, como os lançamentos de novas categorias para o Prêmio Literário Biblioteca Nacional (Prêmio Akuli, Prêmio Adolfo Ayzen e Prêmio Carybé), bem como a tradução da Constituição Federal para o nheengatu, em parceria com o STF e o CNJ. Citou a aproximação junto às bibliotecas dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) e o ingresso da FBN no conselho de observadores da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).
O presidente da FBN enumerou os acordos de cooperação celebrados com instituições de países como República Dominicana, Cuba e Vaticano. Mencionou as parcerias firmadas com a Marinha do Brasil, para o envio de livros para diversos país, e com a Aeronáutica – para envios ao território brasileiro por meio do Correio Aéreo Nacional. Lucchesi ressaltou, ainda, a importância da leitura nos espaços de privação de liberdade, mencionando a parecia com o CNJ no “Prêmio A Saída é Pela Leitura”.
“Não temos riqueza, ambição, nem desígnios coloniais: juntamos para dividir, livros ao invés de armas, paz ao invés de guerra. Esse é o nosso horizonte, não há outras possiblidade, o Brasil se inscreveu numa república de etnias. Não como separações, mas como adequações, diálogo sinfônico”, afirmou. “A Biblioteca Nacional realiza a diplomacia do livro, a construção do soft power, instância de microdiplomacia, quando, através do Ministério da Cultura, nessa perspectiva internacional, eleva sua voz - com modéstia, mas com coragem e adesão.” completou Lucchesi.
“O tamanho da Biblioteca Nacional é do tamanho do Brasil. Avança em toda parte: ao longo dos rios e igarapés da incomparável floresta amazônica; além do azul profundo que se abate nos sertões; nas terras do sem fim do semovente Pantanal; nas serras, planaltos e baixadas; por aldeias indígenas e terras quilombolas; no seio das cidades, nas favelas e distâncias ribeirinhas”, concluiu o presidente da FBN.