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Exposição
D. Maria I Portugal e o Brasil: elos de uma mesma corrente
No tempo em que Portugal ainda era uma das maiores potências europeias, e dona de várias colônias, inclusive o Brasil, D. Maria I se tornou a primeira rainha de Portugal e Algarves de 1777 até 1815, e posteriormente, Rainha do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves a partir de 1815 até sua morte, em 1816.
Desde cedo, teve educação apurada, revelando grande sensibilidade para música. Católica fervorosa, mãe dedicada e feliz no casamento com seu tio, D. Pedro de Bragança, ela se tornou uma monarca adorada por seu povo, em meio ao qual gostava de se misturar, participando de festas religiosas. Seu fervor era tão forte que quando ladrões entraram em uma igreja e espalharam hóstias pelo chão, decretou nove dias de luto, adiou os negócios públicos e acompanhou a pé, com uma vela, a procissão de penitência que percorreu Lisboa. D. Maria conseguiu afastar do poder o controverso marquês de Pombal, que conspirou contra sua Aclamação, além de inimigo dos jesuítas e da velha aristocracia que a apoiavam. Seu reinado foi intitulado “a Viradeira”.
D. Maria foi amante da paz e soberana dedicada às obras sociais. O seu reinado foi de grande atividade legislativa, comercial e diplomática, na qual se pode destacar o tratado de comércio que assinou com a Prússia em 1789. Ela reconheceu a independência dos Estados Unidos da América, estabeleceu convenções com o império de “Todas as Rússias” e assinou tratados com o Reino de Túnis. Encaminhou pioneiramente “tratados de paz e amizade” com povos originários do Brasil e da África, entre outros, o Kadiwéu, em 1º de agosto de 1791. Em suas colônias, enfrentou duas conjurações para derrubar o reino português: no Brasil, em Minas Gerais, a “inconfidência mineira”, que terminou com a execução do alferes Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes. E em Goa, a “inconfidência dos Pinto”. Enviou missões científicas a Angola, Brasil, Cabo Verde e Moçambique, fundou várias instituições, como a Academia Real das Ciências de Lisboa, a Real Biblioteca Pública da Corte e a Academia Real de Marinha. Também fundou a Real Casa Pia para acolher órfãos pobres a quem era oferecida educação profissional.
Desde 1761, ainda durante o reinado de D. José I, pai de D. Maria, reformas foram feitas no sentido de melhor aparelhar Portugal nas áreas científicas e militares. Na Marinha, percebia-se a necessidade de comando por profissionais qualificados que tivessem conhecimento em várias áreas. Daí a necessidade de uma Academia onde aprendessem Matemática, Física, Astronomia, Geografia e, naturalmente, Navegação. Partindo desse propósito, Portugal criou as primeiras organizações localizando-as em Lisboa e Porto. A Rainha D. Maria fundou várias instituições científicas e entre elas, em Lisboa, a 14 de dezembro de 1782, a Academia Real de Guardas-Marinha, que tinha por finalidade apurar a preparação dos futuros oficiais da Armada. Sua intenção era de que os aspirantes aí tivessem, formação militar, além da formação acadêmica. Quando as tropas de Napoleão Bonaparte invadiram Portugal, a Corte Portuguesa, se transferiu para o Brasil e a Academia Real de Guardas-Marinha veio junto. Foi a única instituição de ensino a mudar-se para o Brasil a bordo da nau Conde Dom Henrique. Em 18 de janeiro de 1808, chegou à Baía de Guanabara e em maio do mesmo ano, instalou 25 alunos no Mosteiro de São Bento, sua primeira sede. A Academia Real de Guardas-Marinha inaugurou, no Brasil, os estudos superiores, tendo o seu primeiro ano letivo em 1808. Em 1810, o Infante Almirante Dom Pedro Carlos, neto de D. Maria, mandou abrir ao público a Biblioteca da Academia Real de Guardas-Marinha, pois não havia, na Corte, Biblioteca pública. Esta iniciativa daria origem à Biblioteca Nacional.
De 1792 até sua morte, seu filho mais jovem, D. João, atuou como regente do reino devido à profunda depressão em que D. Maria mergulhou depois de perder vários entes queridos. Após da transmigração da família real por causa da invasão napoleônica, D. Maria viveu discretamente no convento do Carmo, centro do Rio de Janeiro, de onde saia para passeios de carruagem ou visitas ao filho no palácio de São Cristóvão. Ao falecer, foi enterrada no Convento da Ajuda e, quando do retorno da família real para Portugal, seu esquife foi definitivamente levado para a Basílica da Estrela, cuja igreja em devoção ao Sagrado Coração de Jesus, D. Maria erigiu no bairro do mesmo nome. D. Maria foi esposa, mãe, soberana e primeira mulher chefe de Estado no Brasil. Quem conhece sua história, sabe que foi uma rainha justa e protagonista memorável de nossa história.
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