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A Biblioteca Nacional e o Bicentenário da Independência, 1822-2022
- Foto: Flavia Werneck Machado
Guardiã da memória bibliográfica, a Biblioteca Nacional possui o que há de mais precioso acerca da Independência e da trajetória de liberdade e soberania do Brasil. Além da referência simbólica ao 7 de Setembro, a instituição demonstra o que fez, o que tem feito e o que pretende fazer para comemorar a mais importante efeméride do século para o país.
Em cerimônia de pré-lançamento da Exposição “Caminhos da Independência, 1822-2022, 200 anos de Brasil”, sob a curadoria do professor Edgard Leite Ferreira Neto, a Fundação Biblioteca Nacional abre a celebração do mês da pátria e presta contas daquilo que tem feito em prol do Bicentenário. O evento ocorre no dia 06 de setembro, às 11 horas, no Auditório Machado de Assis, no prédio sede (entrada pelo jardim, rua México, Centro, Rio), com transmissão pelo canal da FBN no YouTube.
Profundamente sensível à realidade histórica e consciente acerca de suas próprias origens, a Biblioteca Nacional do Brasil expressa por suas ações a noção de um ciclo de comemorações e reflexões acerca dos duzentos anos de Independência. Desde 2018 a instituição mira esse evento decisivo da história nacional, como a partir da exposição “1808 – 1818: A construção do reino do Brasil”, e inaugurou uma sequência de eventos em torno da emblemática fundação do estado no Brasil, inclusive como capital de um reino mundial. De lá para cá, muitas outras ações foram realizadas, no intuito de pensar sobre nosso passado histórico, e igualmente sobre nosso destino, rumos e ideais, encarando que o futuro só nos oferece aquilo que é criado a partir da devida recepção do passado.
O Brasil produziu um movimento radicalmente distinto e singular na América, uniformemente republicana. Sua grande novidade consistiu no fato de já ser o Brasil um reino e como tal permanecer. A condição monárquica do nascente estado brasileiro, em 1822, não era um dado passivo, semelhante ao que já se verificou em muitas ocasiões, na passagem de certas monarquias, de absolutas a constitucionais. Os brasileiros não conseguiram a Independência tomando-a à força do príncipe regente; pelo contrário: tiveram nele um aliado. Duas outras instituições foram singulares nesse processo, e que se viram fiéis de uma permanência simbólica e concreta para a construção do país: as forças militares e a Igreja Católica, expressando o vínculo cristão do povo.
É papel da Biblioteca Nacional não apenas extravasar seu acervo, mas ser também referência para a edificação da memória. Uma das formas de realizar esse exercício é através das exposições, como no caso de “D. Maria I., Portugal e o Brasil: elos de uma mesma corrente”, que procurou desfazer determinados lugares comuns acerca de dona Maria I. Outra expressão daquilo que a BN tem de melhor com uma percepção profunda do contexto cultural da época, foi “A ópera da Independência: uma exposição em dois atos e dez cenas”, que mostra o quão importante foi a construção do principal edifício erguido no pela Corte luso-brasileira apenas cinco anos após sua chegada em 1808, que seria sucessivamente o Real Teatro São João e Teatro Imperial São Pedro de Alcântara. Ainda nesse conjunto de exposições virtuais recentes, a icônica referência à herdeira presuntiva do Império do Brasil, em “Isabel, a princesa que não chegou a reinar”. Esses e outros trabalhos estão acessíveis na BNDigital. De 2020 até a presente data, a BN Digital registrou mais de 247 milhões de acessos.
No mês de agosto a BN realizou duas ações singulares e inéditas em Brasília. Levou a mostra “Memória, Política e Sociedade: 200 anos da Independência do Brasil”, no Palácio do Planalto, em Brasília. E, contribuiu com o Itamaraty através da exposição “Um coração ardoroso: vida e legado de D. Pedro I”, que tratou da vida do primeiro imperador através de uma linha do tempo combinada com a reprodução de imagens do acervo.
A série de lives “200 da Independência”, iniciada em 2020, superou expectativas e até o final de 2022 somará 38 episódios. O programa atinge de forma aguda os mais variados temas ligados à Independência, e já se tornou uma referência para estudantes, professores, pesquisadores e ao público em geral. Como resultado uma publicação é prevista, de modo a reunir os textos relacionados a cada sessão, e um “QR-Code” para levar o leitor diretamente a cada vídeo.
Quanto a produção de conhecimento através de pesquisas, cabe destacar o Programa Nacional de Apoio à Pesquisa (PNAP). Política desenvolvida na Fundação Biblioteca Nacional desde 2013, ganhou a partir de 2020 o diferencial das “áreas prioritárias”, e justamente nessas últimas edições uma das prioridades foi o tema do “Bicentenário da Independência”. Desde 2020 foram 16 pesquisadores com projetos aprovados, em temas ligados aos 200 anos da Independência. Entre as devolutivas de cada pesquisador, além do trabalho final a ser veiculado em publicações da Biblioteca Nacional, tivemos Atividades Formativas (minicursos e oficinas), publicação de artigos na BNDigital, participação de seminários, realização de lives e a transmissão por outros meios do acervo e das potencialidades da BN.
O volume de pesquisas também foi amplificado porque a Fundação Biblioteca Nacional assinou em outubro de 2021 um Acordo de Cooperação Técnica com a Fundação Carlos Chagas de Fomento à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj) e a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação (SECTI) do Governo do Estado do Rio de Janeiro, para fomento à pesquisa e realizações comuns. O Acordo FBN/SECTI/FAPERJ garantiu o lançamento de edital especial da FAPERJ para o tema do Bicentenário, e que proporcionou a aprovação de 21 projetos com base no acervo da Biblioteca Nacional, sendo 5 de proponentes servidores da instituição.
A publicação corrente mais antiga da Biblioteca Nacional e uma das mais longevas e permanentes do país, os Anais da Biblioteca Nacional, dedicará os números 141 (2022) e 142 (2022) ao Bicentenário. Em preparação, está ainda o Guia de Fontes da Independência do Brasil, proposta que permitirá a ampliação das pesquisas através de um catálogo de referências, que segue a tradição da instituição, como no caso do CEHBB, de Ramiz Galvão e o Catálogo da Exposição do Sesquicentenário (1822-1972).
Da lista de obras editadas, nove (7) possuem o selo "200 da Independência": (1) Guia Musical dos Periódicos da Fundação Biblioteca Nacional (1842-1922), de Alberto Pacheco; (2) O cancioneiro dos periódicos da Fundação Biblioteca Nacional (1842-1922), em dois volumes, de Alberto Pacheco; (3) O Primeiro e único Conde da Barca - Um iluminado na Corte de Dom João, de Cecília Costa Junqueira; (4) Guia do Viajante no Rio de Janeiro, de Alfredo do Valle Cabral - edição atualizada e com notas (no prelo); (5) Cartas Andradinas: correspondência particular de José Bonifácio, Martim Francisco e Antônio Carlos dirigida a A. de M. Vasconcellos de Drummond (no prelo). E ainda outras duas em coedição: (6) História de Portugal, de João Ameal, em parceria com o Centro Dom Bosco; e, (7) História da Música no Brasil: dos tempos coloniais aos nossos dias (1549-1925), de Vincenzo Cernicchiaro, em tradução realizada por de João Vidal e Giulio Draghi, professores da Escola de Música da UFRJ, em coedição com a Ricercare Editora (no prelo). A importante obra publicada pelo IBGE, As Estatísticas nas Comemorações da Independência do Brasil, organizada por Nelson de Castro Senra, contou com capítulo do Diretor Executivo, João Carlos Nara, e, teve seu lançamento na Biblioteca Nacional.
Reeditamos ainda, pelo CPE, duas obras vinculadas à efeméride: a 2ª edição revisada da obra O Violão na Corte Imperial, de Marcia Taborda; e uma 2ª edição da obra José Maurício Nunes Garcia: biografia, de Cleofe Person de Mattos, coeditada com a Academia Brasileira de Música.
O volume de artigos científicos e obras externas resultantes do acervo é bastante amplo. Parte desse conteúdo é mensalmente veiculado no Informativo do CPE e no portal da FBN. Outra expressão marcante que revela a força da Biblioteca Nacional para a ciência e tecnologia refere-se à Jornada de Pesquisadores, cujas últimas três edições, incluindo a de 2022 que terá início dia 08 de setembro, tiveram o tema da Independência do Brasil como um dos eixos principais, através de conferências e mesas temáticas.
Até mesmo o Programa de Tradução procurou promover a tradução de livros brasileiros relativos à Independência ou da época da Independência no exterior. O Prêmio Literário da Biblioteca Nacional e o Prêmio Camões seguiram essa mesma toada, e ganharam roupagem em alusão aos 200 anos da Independência.
Nas Redes Sociais da FBN, 20 artigos e 19 cards foram publicados. Além da difusão de material de qualidade, extravasando o acervo digital da BNDigital, tais publicações demonstraram o trabalho dos servidores e pesquisadores em torno da especial efeméride.
É sabido que efemérides como o Bicentenário da Independência aproximam o povo da própria história e criam uma interessante agenda de debates sobre nossa trajetória. Em março deste ano, ao divulgarmos e promovermos o envolvimento da sociedade com a agenda de eventos dos 200 anos da Independência, procuramos justamente criar um ambiente de discussão e promoção do tema, dentro e fora da Biblioteca Nacional.
A Biblioteca Nacional abre as portas para se tornar uma das instituições centrais dessa comemoração, tal qual foi central à própria constituição do Brasil independente em 1822. O campo de possibilidades é amplo, como se mostrou no dia 11 de agosto, quando foi realizada solenidade que aniversariou o 77º ano da vitória aliada na II Guerra Mundial, com homenagem aos ex-combatentes e sociedade civil, como à última enfermeira viva da FEB.
Aproveitando ainda o contexto dos festejos, retomamos a tradicional honraria da entrega da Medalha Biblioteca Nacional, em comemoração ao tema cívico. Foram programadas entregas de 200 medalhas aludindo aos 200 anos de nossa independência. Boa parte dos homenageados foram agraciados em evento de 1º de julho. As condecorações abarcaram os diversos matizes da vida brasileira, compreendendo seus contrastes e setores, reafirmando assim o respeito à pluralidade e à liberdade, que são valores desta instituição e sem as quais não pode existir cultura no sentido superior do termo.
Mas as ações não acabaram aqui.
O Projeto Resgate ganhou novo portal e financiou dezenas de pesquisadores nesses últimos anos. A iniciativa vem sendo aprimorada a fim de oferecer instrumentos de pesquisa mais atualizados e ampliar o mapeamento dos documentos existentes em outros continentes.
A Biblioteca Euclides da Cunha (BEC), incluiu o Dia da Independência como uma ação da Série "A Traça Faminta", que reúne obras do nosso acervo acerca do tema, privilegiando materiais produzidos pela Fundação Biblioteca Nacional (entre outros, mas enfatizando obras publicadas por nós).
Em andamento, a 2ª edição do Prêmio Ramiz Galvão, desenvolvido pelo Núcleo de Letras Clássicas da UFRJ, que conta com o apoio da FBN e de empresas da área de tecnologia, foi dedicada exclusivamente ao tema.
Para nos ajudar a pensar o Brasil, inauguramos também a série “Cânones Brasileiros”, um ciclo de conferências públicas sobre escritores e pensadores que marcaram a trajetória intelectual do Brasil. Duas conferências já foram realizadas, outras três já estão agendadas. Outras virão pela frente.
Muita coisa ainda será divulgada para o público. Dossiês digitais diretamente ligados ao tema do Bicentenário estão em fase final de produção. Com previsão para este ano, estão ‘A Guerra das Penas’, acerca dos panfletos da Independência; ‘Conde de Linhares, a economia na política luso-brasileira da Corte de D. João’; e um outro sobre José Bonifácio de Andrada e Silva.
Realizamos já um Seminário Internacional sediado na BN sobre “O Pensamento Político da Independência”, evento dentro dos termos do Acordo FBN/SECTI/FAPERJ. A pesquisa e produção deste seminário teve foco no pensamento político, com ênfase na análise sobre o significado da fundação do estado brasileiro e suas relações com a tradição lusa. Será realizado ainda este ano, entre o final de novembro e início de dezembro, o seminário: “Brasil 200 anos de Independência”, com a exposição dos trabalhos de pesquisa fomentados com o Edital n. 34 da FAPERJ.
No ano do Bicentenário da Independência, além de aprender a valorizar nossa História, é preciso aprender a conservá-la. A conservação preventiva nos auxilia a dar longevidade ao documento para efeito de acesso, de uso e, claro, para o estabelecimento da identidade de nosso povo. Além de conservá-los, ensinaremos a fazê-lo. O 21º Curso de Preservação de Acervos Bibliográficos ocorrerá agora em setembro. O evento será promovido pelo Centro de Processamento e Preservação – CPP. Ao promover este curso, a FBN procurará dar orientações básicas àqueles que se preocupam com a preservação dos acervos bibliográficos e documentais, definindo princípios básicos de manuseio simples e de comportamento, para aqueles que trabalham na obra de preservar a nossa cultura expressa em suporte papel, proveniente do passado, para as gerações presentes e futuras.
Por fim, em virtude da parceria realizada com o Canal Educação, canal de conteúdo cultural e educativo do governo federal, realizamos a curadoria de três interprogramas a respeito do tema em questão. A previsão é de que sejam transmitidos no dia 7 de setembro. A EBC ainda lançou no dia 04 de setembro um documentário sobre os 200 anos do Ministério da Justiça, que foi parcialmente gravado na Biblioteca Nacional e contou com entrevistas do presidente Luiz Carlos Ramiro Jr.
Diversas iniciativas ainda estão em desenvolvimento. E muito mais coisas faremos até o final do ano. Consciente de que este marco histórico deve promover uma profunda reflexão, a FBN convida todos a fazê-la, pois o passado não pode ser esquecido para sempre e o futuro precisa ser construído.
Quantificando*
*(dados quantitativos do período - exposições desde 2018, demais ações desde 2020)
- EXPOSIÇÕES: 6 exposições (desde 2018): 3 presenciais e 3 virtuais + 1 exposição presencial a ser realizada na FBN;
- LIVES da série 200 da Independência: 33 lives realizadas e + 5 confirmadas até o final do ano;
- COOPERAÇÃO TÉCNICA com foco no bicentenário: 1 acordo de cooperação técnica FBN/SECTI/FAPERJ. Foram 21 projetos de pesquisa aprovados;
- PUBLICAÇÕES: 2 volumes dos Anais da Biblioteca Nacional (no prelo); 1 Guia de Fontes (obra digital) - em andamento; 5 obras já publicadas e uma série de outras que estão no fluxo editorial;
- JORNADA DE PESQUISADORES: 6ª, 7ª e 8ª edição - todas vinculadas à efeméride do Bicentenário;
- REDES SOCIAIS: 20 artigos e 19 cards foram publicados, extravasando o acervo digital da FBN;
- PNAP: desde 2020 foram 16 pesquisadores com projetos aprovados, em temas ligados ao Bicentenário;
- SEMINÁRIOS: 1 Seminário Internacional sediado na BN sobre “O Pensamento Político da Independência”; outro a ser realizado ainda este ano, entre o final de novembro e início de dezembro: “Brasil 200 anos de Independência”. Para apresentar os resultados do acordo de cooperação técnica FBN/SECTI/FAPERJ;
- INTERPROGRAMAS: 3 interprogramas a respeito do bicentenário em parceria com o CANAL EDUCAÇÃO. A previsão é de que sejam transmitidos no dia 7 de setembro, no CANAL EDUCAÇÃO;
- CONFERÊNCIAS DA SÉRIE CÂNONES BRASILEIROS: 2 já realizadas + 3 agendadas na programação.