De “Marília de Dirceu” ao “Romanceiro da Inconfidência” a construção de um mito na sociedade brasileira a partir do século XVIII
Ana Cristina Magalhães Jardim
Bolsista Graduada
O mito de Marília (Maria Dorotéia Joaquina de Seixas/1767-1853) noiva de Dirceu, poeta, ouvidor e Inconfidente (Tomás Antônio Gonzaga/1744-1810) permanece vivo na sociedade brasileira desde o século XVIII, adaptado e modificado a cada momento, mas figurando como um estereótipo que ajuda a compreender um modelo para o papel da mulher na sociedade naquele período.
Para o público leigo, Marília possui uma única face, a de musa do poeta Gonzaga. Mas, ao examinar de perto e ao acessar uma bibliografia mais ampla sobre o tema, verificamos que Marília é um mito de várias faces cuja verdadeira aparência jamais poderá ser apurada. Aliás, as dúvidas, as lacunas, a existência de várias versões para uma mesma história são os principais ingredientes na composição de um mito: donzela, mártir, musa ou apenas uma mulher comum?
Este trabalho busca conhecer as versões de sua história e evidenciar o processo que transformou Marília de Dirceu em mito. O caminho para isso começou a ser traçado nas fontes que relatam as impressões atuais sobre Marília. Depois disso, o trabalho passou a ser o de examinar a extensa bibliografia, datada dos séculos XVIII ao XX, sobre a noiva de Gonzaga. A grande questão consistia em descobrir as etapas do processo de constituição do mito Marília, a partir dos primeiros relatos sobre ela, ainda no século XVIII. Para tanto, buscou-se reunir o maior número possível de referências: bibliografia, documentos oficiais, fontes literárias, jornais e imagens que auxiliassem na interpretação mais aproximada da imagem existente sobre ela, com o objetivo de interpretar aqueles rastros da formação do mito Marília de Dirceu.
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