Experiências capturadas: A fuga de escravos no Rio de Janeiro
Raphael Neves
Bolsista Nível 3 - Graduando
Não por acaso intitulo esse trabalho de ―Experiências capturadas‖. Majoritária parte dos estudos que analisaram a fuga de escravos, apenas a viam como mais um comprovante de um escravo rebelde, que através de todas as suas expressões e relações, estaria revoltando-se contra uma inaceitável situação. Eram relegadas então práticas culturais – e seus significados – do cotidiano da classe proprietária de escravos e dos próprios escravos, já que elas não passariam de expressão da infra-estrutura, que dialeticamente reiteraria a própria infra-estrutura. Bastava para entender a cultura, o estudo econômico do sistema em detrimento dos agentes sociais. Diante disso, as experiências dos escravos apenas teriam um significado caso houvesse uma rebelião que sucumbisse com o sistema escravista que o oprimia, obrigando-o ao aculturamento. Não se percebeu que os escravos – pelo menos para a primeira metade do século XIX, como pude averiguar– não precisaram negar a escravidão e nem a sociedade escravista há todos os instantes. Eles viram algumas brechas no sistema, criadas pela necessária negligência de senhores conjuntamente com as conquistas dos escravos. A partir dos espaços de possibilidades, tanto em zonas rurais quanto urbanas, escravos agenciaram seus destinos a revelia de seus senhores.
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