Direção de Arte: a poética visual dos filmes da pós-retomada do Cinema Brasileiro
Brenda Carola Loiácono
Bolsista - Iniciação Científica
O tema da exclusão social vem sendo abordado no cinema brasileiro desde a década do 60 de maneira recorrente. Para tratar esta temática foram criadas formas de lidar com a imagem que se constituíram em novas estéticas, com a intenção de problematizar a questão e mobilizar o espectador.
O cinema Novo e o Cinema Marginal foram os movimentos que inauguraram um estilo próprio de retratar a realidade brasileira que gerou filiações nas produções nacionais posteriores.
O cinema Marginal surgiu com uma nova perspectiva, propondo um afastamento da produção do cinema hegemônico e produzindo mudanças nos conceitos que regiam esta produção.
No cinema da chamada “retomada” é possível perceber que em boa parte da produção, essa nova estética ganha outras leituras e formas de expor a questão, se constituindo numa construção que resgata a identidade brasileira. Mas as soluções estéticas dos filmes deste período apresentam diferenças conceituais na concepção dos lugares e na caracterização dos personagens, colocando em questão qual é hoje a proposta ao se retratar a exclusão social e buscando formas de representá-la.
Como estudante de cenografia e direção de arte, tenho percebido uma tendência estética nas ultimas produções cinematográficas brasileiras que lhes confere uma identidade visual própria e original, distinta dos padrões internacionais. Os elementos plásticos podem incomodar pela sua força visual e apelar para emoções e sensações de desconforto. Estes recursos visuais transparecem a intenção de mobilizar o espectador de uma maneira às vezes violenta. Esta intenção, que se materializa através da atuação da equipe de direção de arte, me interessa pela força expressiva, que revela uma determinada construção de identidade. Levando em consideração o contexto histórico em que se encontra inserida, esta proposta estética torna-se um terreno fértil, um veículo que propiciará compreender através da linguagem visual o imaginário e o discurso contemporâneo brasileiro. Programa Nacional de Apoio à Pesquisa - FBN/MinC
Para estudar este tipo de linguagem fiz um recorte dentro da produção cinematográfica da chamada “pós-retomada”, selecionando como objeto de estudo os filmes:
Amarelo Manga, (2003) do diretor Cláudio Assis, Cidade Baixa, (2005) de Sergio Machado e Madame Satã (2002) de Karim Aïnouz.
Entendemos que parte do trabalho da direção de arte consiste em transpor os dados dramatúrgicos em imagens, criando uma unidade visual para o filme.
Deste modo, a proposta deste projeto se afirma na necessidade de uma leitura e uma analise apurada da construção plástica, percebendo-a como poesia visual autônoma, paralela ou complementar, o que pode descobrir novos significados que enriqueçam a apreensão do filme como um todo.
A semiologia e a psicologia foram correntes de pensamento que se adequaram a esta pesquisa naturalmente. A semiologia direcionou o entendimento da carga simbólica que os objetos possuem dentro do imaginário social e no sistema de significações pressente na arte cinematográfica. A psicologia analítica forneceu informações para uma abordagem do sistema simbólico ao nível do inconsciente coletivo.
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PRODUTO FINAL do projeto de pesquisa
Direção de Arte: a poética visual dos filmes da pós-retomada do Cinema Brasileiro