Imprensa e hegemonia na Primeira República: o contraponto dissonante de José Oiticica
Eduardo Granja Coutinho
Bolsista Pesquisador
O significado político-cultural da imprensa em um dado momento histórico não pode ser explicado sem um exame das relações econômicas que a emolduram. Isto significa, em se tratando da Primeira República no Brasil, considerá-la não apenas no âmbito de uma sociedade oligárquica, latifundiária, baseada em uma economia agro-exportadora, mas no contexto mais amplo do capitalismo internacional no início do século XX, ou seja, do capitalismo na fase de desenvolvimento em que, como conseqüência da extrema concentração da produção e do capital, toma corpo a dominação dos monopólios e das oligarquias financeiras - o imperialismo. Nessa fase típica de exportação de capitais, como observou Lenin, “começou a partilha do mundo pelos trusts internacionais e terminou a partilha de toda a terra entre os países capitalistas mais importantes” . O fato de estarmos subordinados ao imperialismo nos obriga, a considerar o comprometimento dos jornais e revistas com a criação e difusão das idéias necessárias à dominação do capital especulativo. Nesse momento, ainda conforme Lenin, “a dominação da oligarquia financeira é absoluta, manda na imprensa e no governo” .
Em seus artigos jornalísticos, o anarquista José Oiticica ressaltou os laços que uniam os jornais, as agências de notícias, a finança, o poder público e as potências estrangeiras; chamou a atenção para a função da imprensa na construção de uma imagem positiva dos capitalistas internacionais e o seu “papel funesto” como veículo e instrumento dos “argentários da guerra”.
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