A bala que encontra cada vez mais vítimas
Ana Letícia Pires Leal Câmara
Bolsista Pesquisadora
O título é o mesmo de uma reportagem publicada no jornal O Globo, em 07/08/2005. A matéria, de página inteira, apresentava dados sobre a freqüência de balas perdidas no Grande Rio. Baseada em registros de fatos ocorridos desde janeiro daquele ano, informava que os 98 casos de balas perdidas do período haviam resultado em 19 mortes. Portanto, pelo menos duas pessoas por mês haviam morrido atingidas por “tiros sem direção”. Às imagens de sete pessoas – cinco das vítimas e dois parentes –, somava-se a transcrição da redação escolar de um menino de 12 anos que fizera um desabafo sobre a morte do pai.
As estatísticas iam ao encontro do que se dizia então. A bala perdida vinha mesmo pondo a morte nas mesas de jantar dos lares cariocas. O azar de ser atingido, a força do acaso, assustava as pessoas. Passavam a ser conhecidos casos de indivíduos que, aleatoriamente, eram atingidos até mesmo dentro de suas residências, localizadas em bons bairros da cidade. O acaso, além de incontrolável, despersonaliza a morte. É difícil aceitar que uma pessoa morra porque, por um instante, divide o mesmo espaço com um projétil.
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