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Coleções da Seção de Manuscritos | Tobias Monteiro
Luísa Margarida Portugal de Barros, condessa de Barral
A Coleção Tobias Monteiro é um dos mais importantes e interessantes conjuntos documentais sob a guarda da Biblioteca Nacional.
Tobias do Rego Monteiro (Natal, 1866 – Petrópolis, 1952) cedo encontrou sua vocação de pesquisador. Adolescente, fundou os periódicos literários “A Luz” e “A Ideia”; alguns anos depois, interrompeu os estudos na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro para trabalhar como jornalista e como secretário de Ruy Barbosa. Ao ser proclamada a República, tornou-se chefe de gabinete de Barbosa no Ministério da Fazenda e passou a colaborar no Diário Oficial.
Em 1894, ano em que terminou a Revolta da Armada, Tobias Monteiro era secretário do “Jornal do Brasil”, do qual Ruy Barbosa era o redator-chefe. Ambos se exilaram em Buenos Aires; ao regressar, Monteiro foi para a Bahia, onde chegou a ser preso, embora por pouco tempo. Em 1897 foi eleito delegado do recém-fundado Partido Republicano Constitucional, representando o Rio Grande do Norte na capital brasileira. A carreira jornalística também prosseguia de vento em popa: de 1894 a 1902, Tobias Monteiro foi redator político do “Jornal do Commercio”, adquirindo grande prestígio e influência.
Segundo José Murilo de Carvalho, foi recolhendo depoimentos sobre a situação financeira do país — trabalho encomendado pelo diretor do jornal — que Monteiro começou a se interessar por História do Brasil. Ele passou a entrevistar figuras ligadas aos acontecimentos políticos e sociais do país, tais como a proclamação da República, a aprovação da Lei do Ventre Livre, questões militares e diplomáticas, entre outras. Publicou os primeiros resultados no “Jornal do Commercio” e, mais tarde, no livro “Pesquisas e depoimentos para a História”, que saiu em 1913 pela Francisco Alves. A divergência entre alguns de seus entrevistados sobre os mesmos assuntos o levou a perceber a necessidade de ouvir várias versões das mesmas histórias e recorrer, também, a fontes manuscritas e impressas.
Nas décadas seguintes, enquanto trabalhava em vários periódicos e, ainda, no setor industrial e bancário, Tobias Monteiro acumulou milhares de documentos, parte dos quais adquiriu por meio de compra. Outros foram copiados por Monteiro ou por pessoas a seu serviço, enviadas a arquivos e bibliotecas da Europa. Entre eles se destaca a correspondência dos representantes da corte austríaca no Brasil, durante o Primeiro Reinado. Outros conjuntos tratam de importantes questões políticas, como a Questão Christie; religiosas, como o conflito do governo brasileiro com os bispos; e diplomáticas, em especial no que se refere aos países platinos. Outro destaque é a documentação ligada à família imperial brasileira, que inclui 32 fotografias e correspondência original de D. Pedro II para a Condessa de Barral e Eponina Otaviano.
Tobias Monteiro teve mais uma breve participação na vida política, como senador pelo Rio Grande do Norte, no início da década de 1920. Escreveu várias obras sobre História do Brasil, tendo como base os documentos que acumulava. A coleção, que conta com pouco mais de 2.300 registros, foi doada à Biblioteca Nacional por disposição testamentária em 1958, e a ela foi integrado um item encaminhado pelo próprio Monteiro em 1912: as provas tipográficas da Constituição Brasileira de 1891, revistas por Ruy Barbosa. Para saber mais sobre ela, clique aqui:
https://www.gov.br/bn/pt-br/central-de-conteudos/noticias/a-constituicao-anotada-por-ruy-barbosa
A Coleção Tobias Monteiro foi organizada em várias séries arquivísticas. Poucos documentos foram digitalizados até o momento. Em 2007, publicou-se um inventário que pode ser consultado no link da BN Digital:
http://objdigital.bn.br/acervo_digital/div_obrasgerais/bndigital0003.pdf
Ana Lúcia Merege
(Seção de Manuscritos)