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Coleções da Seção de Manuscritos | Ramos Paz
A exemplo de outras coleções da Biblioteca Nacional, a Coleção Ramos Paz está dividida entre vários setores da instituição, de acordo com o tipo de material.
Seu titular, Francisco Ramos Paz, nasceu em Viana do Castelo, Portugal, em 1838, e veio para o Brasil pouco antes de completar treze anos de idade. Trabalhou como caixeiro em casa de comércio e possivelmente adquiriu educação por esforço próprio. Na juventude, aproximou-se dos círculos intelectuais que gravitavam em torno de livrarias e tipografias e se tornou amigo de Machado de Assis, com quem dividiu por algum tempo uma moradia num sobrado da Rua de Matacavalos (atual Rua Riachuelo).
Francisco Ramos Paz foi colaborador de vários jornais, tais como “O Diário do Rio”, “A República” e “Gazeta de Notícias”, mas também exercia atividades na área comercial. Capistrano de Abreu, que escreveu sobre ele, pouco após sua morte, para o “Diário do Comércio” conta que o nome de Ramos Paz aparecia na diretoria e no conselho fiscal de várias sociedades e empresas. No fim da vida, também trabalhou para o Banco do Brasil. Era leitor ávido, frequentador da Biblioteca Nacional e do Real Gabinete Português de Leitura, e também bibliófilo e colecionador. Fez várias viagens ao exterior, sempre trazendo novas aquisições para o seu acervo. Faleceu em 1919.
A Coleção Ramos Paz chegou à Biblioteca Nacional em três etapas. Uma parte, correspondente a livros, folhetos e periódicos, entrou como doação do titular entre 1897 e 1899; outra, em 1920, por doação de Arnaldo e Guilherme Guinle, que haviam adquirido o acervo em um leilão; por fim, em 1948, a Biblioteca Nacional comprou uma coleção de documentos autógrafos, de cujo vendedor não se tem registro.
O Setor de Manuscritos ficou com cerca de 1.120 peças, mas apenas uma pequena parte está incluída em base de dados. Inclui códices e documentos manuscritos, entre os quais se destaca a correspondência enviada por nomes ilustres como Casimiro de Abreu, José de Alencar, Joaquim Nabuco e Machado de Assis. Desse último, cuja amizade com o titular se manteve por décadas, há cartas e bilhetes de cunho bastante informal e pessoal, como a carta em destaque, na qual o escritor pede a Ramos Paz que o dispense de entregar um trabalho literário previamente combinado. O original foi digitalizado e pode ser consultado pelo link da BN Digital:
https://objdigital.bn.br/objdigital2/acervo_digital/div_manuscritos/mss1653101/mss1653101.jpg
Ana Lúcia Merege
(Seção de Manuscritos)