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Coleções da Seção de Manuscritos | Manuel Bandeira
A Coleção Manuel Bandeira é composta pela correspondência enviada pelo poeta a Ana Salles Brandão, conhecida pelo apelido “Donana”.
Manuel Carneiro de Sousa Bandeira Filho (Recife, PE, 19 de abril de 1886 – Rio de Janeiro, RJ, 13 de outubro de 1968) estudou no Colégio Pedro II, no Rio, e na escola Politécnica de São Paulo, onde o diagnóstico de tuberculose o fez interromper o curso de Arquitetura. Para se tratar, viajou a cidades serranas no Brasil e, depois, embarcou para a Suíça, de onde retornou com o início da I Guerra Mundial. Seu primeiro livro de poemas, “A Cinza das Horas”, publicado em 1917, foi por ele considerado uma espécie de “testamento”, embora Bandeira tenha conseguido se recuperar. Em 1919 veio o segundo livro, “Carnaval”, com versos mais soltos, que evocavam a celebração e a libertinagem, ainda que conservassem um tom melancólico.
Embora não tenha participado da Semana de Arte Moderna, em 1922 – quando seu poema “Os Sapos” foi lido por Ronald de Carvalho em meio a vaias da plateia --, Manuel Bandeira tomou parte no movimento modernista e colaborou com a famosa revista literária “Klaxon”. Sua obra segue essa tendência, embora guarde traços de simbolismo e parnasianismo. Em alguns poemas percebe-se o desejo de fuga, a idealização de algo sublime e inatingível, bem como a nostalgia. É o que encontramos no conhecido “Vou-me embora pra Pasárgada”, que integra o livro “Libertinagem”, de 1930.
Além da poesia, Manuel Bandeira escreveu crônicas, obras de apreciação literária e sobre História da Literatura, além do “Guia de Ouro Preto”, (1938), no qual conduz o leitor por um passeio ao Brasil colonial. Colaborou com vários jornais, traduziu, organizou e participou de obras literárias. Foi ainda professor no Colégio Pedro II e, mais tarde, na Faculdade de Filosofia da Universidade do Brasil. Em 1940 tornou-se membro da Academia Brasileira de Letras. Em 1954 publicou “Itinerário de Pasárgada”, obra na qual comenta episódios de sua vida, discorre sobre seu processo criativo e a construção de um “espaço imaginário” ao qual deu ao nome da cidade persa fundada pelo imperador Ciro.
Em 1966, os livros de poemas que Bandeira lançara até então foram reunidos no volume “Estrela da Vida Inteira”, cuja publicação fez parte das comemorações pelos 80 anos do poeta. Nesse mesmo ano, ele escreveu mais uma de suas várias cartas endereçadas a Ana Sales Brandão, a Donana, que conhecera em 1905 numa viagem a Minas. Nela, Bandeira antecipa seu octogésimo aniversário, queixa-se da saúde e deseja Feliz Ano Novo à amiga de muitas décadas.
A correspondência enviada a Donana foi adquirida de Maria de Jesus Carvalho Brandão em julho de 1979. Juntamente com quatro livros, constitui a totalidade da Coleção Manuel Bandeira na Seção de Manuscritos.
Carta a Donana, 1966
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Ana Lúcia Merege
(Seção de Manuscritos)