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Coleções da Seção de Manuscritos | Hugo Leal
O poeta, romancista, dramaturgo, jornalista e ensaísta Hugo Vieira Leal (São Luís, MA, 1857 – Rio de Janeiro, 1883) é o titular desta coleção que reúne correspondência, textos literários, folhetos impressos e jornais manuscritos.
Filho de um médico, Hugo Leal, ainda criança, acompanhou a família em mudança para Portugal. Lá concluiu seus estudos e escreveu as primeiras peças teatrais, mas viu frustrados seus planos de encená-las em casa, com a participação dos irmãos e de criados da família. Estudou em Coimbra e, em 1876, matriculou-se na Escola de Medicina em Paris, mas não chegou a completar o curso. Nessa cidade publicou sua primeira obra, o livro de poemas “Rosas de Maio” (1877), contendo seus trabalhos poéticos escritos entre os 14 e os 19 anos. Um romance, “Lucrécia”, foi escrito na mesma época e publicado alguns anos mais tarde.
Em 1879, após uma breve estada no Rio de Janeiro, voltou a Portugal, onde viviam sua mãe e irmãos. Lá colaborou com o movimento vanguardista liderado por Teófilo Braga, ajudou na fundação do Centro Republicano Federal e do periódico “A Vanguarda”, onde seu primeiro artigo, “Os reis passam”, saiu ao lado de textos de Teófilo Braga e Ramalho Ortigão. Participou de vários eventos republicanos e fez a conferência “Camões e o século XIX”, que seria publicada postumamente em Lisboa. Fundou também a “Bibliotheca Litteraria Brazileira” para divulgar a produção dos brasileiros a preços acessíveis.
Em 1880, Hugo Leal regressou ao Brasil e se tornou um dos redatores da “Gazeta da Tarde”, jornal fundado pelo abolicionista Ferreira de Menezes. Com a morte deste, assumiu a direção e vários encargos, além de colaborar em outros periódicos do Rio de Janeiro. Em dezembro de 1881, retirou-se para Barbacena (MG), onde o clima favorecia o tratamento de sua tuberculose. Lá, porém, fez tudo menos descansar: assumiu a redação da “Gazeta” local, construiu um teatro, fundou uma sociedade dramática e uma escola gratuita e tentou criar também um clube abolicionista, mas não encontrou respaldo por parte dos habitantes da cidade. Por fim, retornou ao Rio de Janeiro, onde vivia sua família e onde acabou por falecer, em março de 1883, com apenas 25 anos de idade.
A Coleção Hugo Leal, com 106 itens, foi doada à Biblioteca Nacional por Alexandre Henrique Vieira Leal em 1937 e se encontra sob a guarda da Seção de Manuscritos. Alguns documentos foram incluídos em catálogos literários, outros num catálogo de manuscritos republicanos pertencentes à instituição. Dentre eles destacam-se alguns jornais manuscritos, como “O Clarim”, “A República” – do qual o que se tem é na verdade um projeto, páginas diagramadas com a indicação de onde entrarão os artigos --, “O Verme” e “O Tico-Tico”, que conta com curiosas ilustrações a lápis. Os jornais estão digitalizados e podem ser acessados através da BN Digital.
Ana Lúcia Merege
(Seção de Manuscritos)