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Coleções da Seção de Manuscritos | Ernesto Senna
A Coleção Ernesto Senna é conhecida por conter um álbum ilustrado, dedicado ao titular por mais de uma centena de personalidades brasileiras. No entanto, ela reúne muitos outros documentos interessantes.
Ernesto Augusto de Senna Pereira (Rio de Janeiro, 1858 – 1913) teve origem modesta e começou a trabalhar aos 11 anos de idade, como caixeiro de armarinho. Aos 20 iniciou sua carreira como jornalista no “Diário do Rio de Janeiro” e a partir dali colaborou com vários periódicos, tais como “Gazeta da Tarde”, “Gazeta da Noite” e “O Cruzeiro”. Foi, ainda, um dos fundadores do “Diário de Notícias”. Em 1886, por fim, iniciou sua colaboração no “Jornal do Commercio”, do qual foi redator durante 27 anos. Jornal e jornalista passaram a ter seus nomes associados, ao ponto de serem ambos considerados “sólidas instituições nacionais” por um cronista contemporâneo.
Ernesto Senna era um idealista comprometido com causas políticas e sociais, que denunciava em seu trabalho investigativo e jornalístico. Chegou a ser preso durante a chamada “Revolta do Vintém”, em janeiro de 1880. Além de artigos, escreveu livros em que registrou fatos históricos, costumes e curiosidades sobre o Rio de Janeiro, tais como “Notas de um repórter”, “O velho comércio do Rio de Janeiro” e “Deodoro: subsídios para a história”. Foi membro do IHGB, coronel da Guarda Nacional, major honorário do Exército e cônsul geral da Guatemala e da Venezuela no Brasil. Benquisto nos círculos jornalísticos e intelectuais, tinha muitos amigos e recebia frequentes pedidos de ajuda e recomendação para emprego.
A Coleção Ernesto Senna se compõe de 1404 itens. Foi adquirida por meio de compra a três diferentes vendedores, entre 1914 e 1926. O item mais famoso é o álbum, composto em sua homenagem, que reúne poemas, desenhos, partituras, dedicatórias e autógrafos de personalidades da arte, da literatura e da política. Entre outros, estão presentes Machado de Assis, Raul Pompeia, Olavo Bilac, José do Patrocínio, Coelho Neto e Lopes Trovão. O deputado republicano foi, aliás, um dos mais assíduos correspondentes de Senna, os quais lhe escreviam não só para debater assuntos ligados à política e ao jornalismo, mas também para encaminhar documentos e autógrafos de terceiros. Essa importante parte da coleção conta com ordens e decretos assinados por D. João VI, D. Pedro I e ministros do Império, referentes a movimentos como a Revolta do Vintém e a Revolução Pernambucana.
Apenas uma parte da Coleção Ernesto Senna está digitalizada. Inclui-se aqui o famoso álbum de autógrafos, reunidos entre 1884 e 1910, que pode ser visto na íntegra por meio do link da BN Digital:
https://objdigital.bn.br/objdigital2/acervo_digital/div_manuscritos/mss1529052/mss1529052.pdf
Também na BN Digital está disponível um artigo de Carlos Henrique Juvêncio da Silva sobre a Coleção Ernesto Senna, publicado no v. 128 dos Anais da Biblioteca Nacional.
http://memoria.bn.br/docreader/DocReader.aspx?bib=402630&pagfis=51357
Ana Lúcia Merege
(Seção de Manuscritos)