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Coleções da Seção de Manuscritos | Conservatório Dramático Brasileiro
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A Coleção Conservatório Dramático Brasileiro reúne o acervo produzido por essa instituição, criada, segundo seu estatuto, “para promover os estudos dramáticos e o melhoramento da cena brasileira, de modo que esta se tornasse a escola de bons costumes e da língua”.
O Conservatório foi fundado em 1843, e sua primeira fase durou até 1864, datas-limite desta coleção — um período de grande efervescência cultural na Corte Brasileira. Muitos importantes intelectuais da época foram sócios e pareceristas. Dentre os fundadores, destacam-se o cônego Januário da Cunha Barbosa e Manuel de Araújo Porto Alegre.
Substituindo a Comissão de Censura antes existente, e subsidiado pelo Ministério do Império, cabia ao Conservatório analisar as peças teatrais a serem apresentadas nos palcos brasileiros, zelando tanto pela qualidade dramática e literária quanto pela moral e os bons costumes da época. Uma resolução imperial, datada de agosto de 1845, salientou que a censura era mandatória quando se tratasse de questões morais, ofensivas ao país e suas autoridades e/ou à Igreja Católica, mas os problemas de gramática e outros referentes ao texto em si, embora devessem ser apontados, não se constituíam em razão forte o bastante para que a licença fosse negada.
Machado de Assis, que foi censor do Conservatório nos dois últimos anos e cujas apreciações foram reunidas num livro, se revelou um crítico rigoroso, especialmente quando se tratava de uma produção escrita originalmente em português (muitas eram estrangeiras, principalmente francesas). Segundo afirmou num parecer, “Esta qualidade (ser obra de autor brasileiro) impõe à crítica mais severidade do que a costumada. Sou dos que pensam que a análise deve ser mais minuciosa, e porventura mais rigorosa com as composições nacionais. Só por este modo pode a reflexão instruir a inspiração.”
A coleção conta com 2.547 registros, muitos dos quais correspondem a dossiers que incluem não apenas os pareceres censórios, mas também correspondência, atas, requerimentos, relatórios e outros documentos relativos a cada uma das peças apresentadas ao Conservatório. Em suas páginas encontram-se referência a importantes artistas e dramaturgos da época, tais como Martins Pena e João Caetano, bem como a companhias e sociedades teatrais. Constitui-se, assim, num precioso conjunto para quem se dispõe a estudar a história do teatro e, por abrangência, da arte no Brasil do século XIX, a qual frequentemente acompanhava e ecoava os movimentos culturais, políticos e sociais que tinham lugar na Europa.
A Coleção Conservatório Dramático Brasileiro chegou à Biblioteca Nacional em 1916, como parte da Coleção Biblioteca Fluminense. O acervo foi identificado, microfilmado e digitalizado a partir do microfilme. No âmbito da comemoração do centenário de Machado de Assis, idealizou-se um Inventário Analítico da coleção, que foi publicado em 2014 e disponibilizado na BN Digital por meio do link http://objdigital.bn.br/objdigital2/acervo_digital/div_manuscritos/mss1415592/mss1415592.pdf
Dentre os documentos digitalizados, selecionamos o conjunto de pareceres de Machado de Assis, disponível no link https://objdigital.bn.br/objdigital2/acervo_digital/div_manuscritos/mss1212363/mss1212363.pdf
Ana Lúcia Merege
(Seção de Manuscritos)