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Coleções da Seção de Manuscritos | Brício de Abreu
A Coleção Brício de Abreu na Biblioteca Nacional foi adquirida em dois diferentes momentos e dividida entre vários setores da instituição, entre os quais a Seção de Manuscritos.
Seu titular, Luís Leopoldo Brício de Abreu, nasceu em 1903 no Rio Grande do Sul e faleceu no Rio de Janeiro, entre 1968 e 1970. Pouco se sabe sobre seus primeiros anos. A tese do pesquisador Antenor Fischer sobre a literatura dramática produzida no estado natal de Brício afirma que a estreia deste se deu em 1919, com a peça teatral “Experiência”. Ao longo da vida, ele continuou a produzir textos de dramaturgia, bem como obras críticas e teóricas sobre teatro. Também escreveu e publicou livros de poemas, novelas e obras biográficas.
Apesar de seu trabalho como crítico e ficcionista, Brício de Abreu se tornou mais conhecido pela atuação no campo do jornalismo. Foi colaborador de vários periódicos, tais como “O País”, “A Razão”, “Diário da Noite” e “O Cruzeiro”, e em 1937 fundou, juntamente com Álvaro Moreyra, o jornal “Dom Casmurro”. A proposta era ser um jornal voltado para um público amplo, fugindo das discussões políticas e mantendo um nível cultural elevado. Em seus nove anos de existência, o jornal contou com dezenas de colaboradores, entre os quais Manoel Bandeira, Franklin de Oliveira, Aníbal Machado e artistas como Alvarus e Augusto Rodrigues. Em 1946, último ano de “Dom Casmurro”, Brício fundou “Comoedia”, revista mensal de teatro, cinema, música e rádio que circulou até 1950.
Em seus anos de atividade literária e jornalística, que incluíram também uma parceria cultural com o governo francês durante e pós-Segunda Guerra Mundial, Brício de Abreu acumulou um importante acervo que inclui documentos autógrafos, registros fotográficos do Rio antigo, plantas, caricaturas, desenhos, além de vasto material relativo a artistas e músicos brasileiros. Parte desse acervo está sob a guarda da FUNARTE, outra parte está na Biblioteca Nacional, tendo sido adquirida por compra em 1950 – um conjunto com 35 documentos autógrafos – e 1972 – os demais documentos, que se encontram principalmente na Seção de Iconografia.
A Coleção Brício de Abreu que integra o acervo de Manuscritos é inteiramente constituída pelo conjunto de autógrafos. Entre eles, um ofício assinado por Napoleão Bonaparte, um artigo de Alexandre Dumas e cartas de escritores como Victor Hugo, Oscar Wilde, Charles Dickens, Anatole France e Émile Zola. Alguns desses documentos foram digitalizados e se encontram disponíveis para consulta através do site da BN Digital.
Ana Lúcia Merege
(Seção de Manuscritos)