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Coleções da Seção de Manuscritos | Biblioteca Fluminense
A Biblioteca Fluminense foi fundada em 1847 por Bernardo Joaquim de Oliveira, com o intuito de “servir para a leitura e instrução” dos moradores do Rio de Janeiro. Era uma instituição privada, inicialmente sediada na Rua dos Ourives — atual Rua Miguel Couto, no centro da cidade —, à qual era possível se associar mediante uma anuidade de doze réis. Tratava-se, portanto, de um espaço de leitura privado, mas de acesso público para os cariocas que pudessem pagar.
O “Almanak administrativo, mercantil e industrial do Rio de Janeiro” de 1849 afirma que o acervo da Biblioteca era composto por cerca de 5.000 livros de temas variados, bem como jornais. Esse número cresceu ao longo das décadas seguintes, nas quais a Biblioteca mudou várias vezes de sede.
Além de funcionar como local de leitura, a Biblioteca Fluminense foi palco de exposições, debates e outros eventos. Em sua sede da Rua do Ouvidor, construída na década de 1870, chegou a abrigar por um breve espaço de tempo a Academia Brasileira de Letras, que então não dispunha de um local próprio. Era um importante centro cultural, frequentado por um grande público, inclusive mulheres. A administração estava a cargo de uma mesa diretora escolhida por meio de eleição, o que não impediu que alguns nomes se perpetuassem: Paulino José Soares de Sousa, o visconde de Uruguai, e seu filho e homônimo exerceram a presidência da instituição por mais de quarenta anos.
A edição de 1899 do mesmo “Almanak administrativo” afirma que o acervo da Biblioteca Fluminense chegou a 90.000 volumes naquele ano. Apesar da oferta e do grande afluxo de leitores, a instituição acabou por fechar as portas em 1919, e as obras foram doadas à Biblioteca Nacional. Uma parte do acervo passou a integrar coleções já existentes, como a Decimal, enquanto outros conjuntos ganharam denominação própria, como a Coleção Simoni e a Coleção Conservatório Dramático Brasileiro.
A Coleção Biblioteca Fluminense da Seção de Manuscritos tem 435 registros, que incluem, entre outros itens, correspondência dos administradores e funcionários, peças teatrais e códices manuscritos. Entre os últimos destaca-se uma cópia do século XVIII do poema “Villa Rica”, do inconfidente Cláudio Manuel da Costa, que está disponível no link da BN Digital:
https://objdigital.bn.br/acervo_digital/div_manuscritos/mss1309121/mss1309121.pdf
Também na BN Digital pode-se consultar o catálogo de obras da Biblioteca Fluminense, com 4.499 volumes, publicado em 1866. Segundo as pesquisadoras Larissa de Assumpção e Márcia Abreu, a maior parte das obras naquele período (cerca de 30%) era de ficção, com muitos livros em francês e importados de Portugal. Alexandre Dumas era o autor mais recorrente. O catálogo integra a Seção de Obras Raras.
https://objdigital.bn.br/acervo_digital/div_obrasraras/or1292572/or1292572.pdf
Ana Lúcia Merege
(Seção de Manuscritos)