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Coleções da Seção de Manuscritos | Augusto de Lima Júnior
Carta de D. Pedro a seu pai, D. João VI, noticiando o nascimento de sua filha Januária e afirmando que o Brasil precisa de uma Constituição.
A Coleção Augusto de Lima Júnior é formada por documentos originais relativos à administração do Brasil desde o período colonial até os primeiros tempos do Império, além de alguns manuscritos assinados por membros da família real portuguesa.
Seu titular nasceu em Leopoldina, MG, em 1889, e faleceu em Belo Horizonte, em 1970. Foi advogado, magistrado, escritor, jornalista e historiador. Suas pesquisas eram focadas principalmente em questões ligadas ao patrimônio histórico e artístico brasileiro. Isso resultou não apenas em publicações sobre o tema, tais como “A capitania de Minas Gerais” (1940), “História dos diamantes nas Minas Gerais” (1945) e “História da Inconfidência em Minas Gerais” (1968), como também em polêmicas, que incluem críticas ao estilo arquitetônico da igreja de São Francisco de Assis da Pampulha -- obra de Oscar Niemeyer --, ao mural criado por Cândido Portinari para a mesma igreja, à restauração de uma igreja de Sabará e ainda à originalidade do trabalho de Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho.
A disposição combativa de Lima Júnior, porém, não se limitou a essas polêmicas. No prefácio de seu livro “O amor infeliz de Marília e Dirceu” (1936), ele fez um pedido ao então presidente Getúlio Vargas para que apoiasse e patrocinasse o traslado dos restos mortais dos inconfidentes mortos no exílio da África para o Brasil, missão da qual o próprio advogado acabou por se encarregar. Foi também um dos responsáveis pela execução do decreto que transformou Ouro Preto em patrimônio nacional e, ainda, o idealizador da idealizador da Medalha da Inconfidência, atribuída a pessoas que tenham contribuído para o prestígio e a projeção de Minas Gerais.
Como jornalista, Augusto de Lima Júnior colaborou em diários cariocas – Jornal do Brasil, Gazeta de Notícias, Jornal do Commercio, Correio da Manhã – e fundou em Belo Horizonte os periódicos Diário da Manhã e Revista de História e Artes. Escreveu livros de ficção, ensaios e historiografia, foi procurador da Marinha, membro do Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais e da Academia Mineira de Letras. Em Portugal, onde esteve em missões oficiais, foi agraciado com a Ordem Militar de Cristo e com a Ordem do Infante D. Henrique.
Foi também em Portugal que Lima Júnior adquiriu à Casa do Lavradio a coleção de documentos, hoje identificada com seu nome, que vendeu à Biblioteca Nacional em 1946. Com 336 registros, ela se encontra dividida entre as Seções de Obras Raras, Iconografia e Manuscritos e inclui correspondência trocada entre D. João VI e D. Pedro I, um memorial do conde de Linhares sobre técnicas agrícolas e o estabelecimento de manufaturas, documentos sobre a abolição da escravidão, a revolução pernambucana de 1817 e a vinda de colonos suíços para o Brasil.
Ana Lúcia Merege
(Seção de Manuscritos)