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Carta do barão de Laguna
Fundo: Cisplatina
Código do fundo: 1N
Notação: BR_RJANRIO_1N_CAI_0_74201050
Data do documento: 30 de abril de 1824
Local: Ceará
Folha(s): 1
Veja aqui o documento na íntegra
A seção Desafio Paleográfico apresenta uma seleção de documentos do acervo do Arquivo Nacional a partir dos quais seja possível apresentar noções de paleografia e diplomática. Trata-se de uma seção interativa: em uma semana é postado o documento, duas semanas depois, a transcrição.
Transcrição
Ilustríssimo e Excelentíssimo Senhor
Apesar de ir nesta ocasião o Conselheiro D. Lucas José Obes que de viva voz informará a sua majestade o Imperador, qual é o estado atual desta província, e quais as medidas que tenho tomado, com as pequenas forças que tenho, para destruir os planos das tropas europeias, que de mãos dadas com os revolucionários da praça de Montevidéu, tem buscado todos os expedientes para pôr esta província em completa anarquia, e para malograr as minhas intenções; devo declarar a vossa excelência para conhecimento do Nosso Augusto Senhor; que as coisas tem tomado uma face bem agradável, quando ao princípio anunciavam funestas consequências. As tropas do meu comando de cada vez mostram mais entusiasmo, e mais desejos de se baterem com o inimigo, porém este já escarmentado só cuida em defender-se nas fortificações que tem formado apoiadas pela esquerda em um arroio cujos passos tem guarnecidos com Infantaria e Artilharia, e pela direita em uma vala ou fosso defendida da mesma maneira, além de ter no centro uma fortaleza que domina toda a circunferência das posições; apesar de tudo isto tenho os meus portos avançados a tal distância que não é possível sair um homem sem ser visto, ou pressentido, e as reservas em ponto que possam logo socorrer qualquer lugar atacado; porem não posso obrigar o inimigo a entrar na praça pela falta que tenho de Infantaria; sendo me do mesmo tempo necessário derrotar completamente as partidas dos insurgentes que tem aparecido em alguns pontos da campanha, parte das quais já não existe pela atividade com que o coronel D. Frutuoso Rivera tem ido em seu alcance à testa de 300 homens com que o fiz logo marchar, e várias outras partidas que mandei para o departamento de Maldonado. À frente destes insurgentes se achava o coronel que foi do departamento de São José, D. Manoel Duran, único homem de representação que havia entre eles, cuja gente já se acha dispersa, e outros oficiais mandados de Montevidéu, que brevemente terão a mesma sorte; contudo sendo necessário não os desprezar, e perseguidos continuamente, reiterei as minhas requisições de tropa ao governo do Rio Grande, fazendo-lhe ver as urgentes circunstâncias em que me achava, o risco que corria esta província se não me auxiliasse, e quanto era necessário atacar a divisão antes do inverno; oficiando ao mesmo tempo ao marechal de campo Jose de Abreu (como já tinha feito) para que se aproximasse quanto antes com a força do seu comando, e com efeito já me participou que marchava dos Potreiros do Arapay, para o Uruguai, donde mandei vir 500 homens, deixando 200 dos menos capazes de marchar para que unidos à força do dito marechal que constará de 900 homens, guarneçam todas aquelas posições, que presentemente devem estar em segurança, pois que a intriga de Montevidéu também se acha introduzida nas províncias de Santa Fé, e Entre Rios, ainda que esta última está de prevenção contra tais maquinações todas tendentes a expelir desta província as tropas de Sua Majestade [...]