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Observatório Nacional (5A)
Criado em 1827 pelo decreto de 15 de outubro, a ideia de um observatório na cidade do Rio de Janeiro partiu do professor e bacharel em matemática pela Universidade de Coimbra Candido Baptista de Oliveira, que escreveu uma memória defendendo a criação do Observatório Central do Brasil, e foi aceita pelo Imperador e pelo Parlamento. A ideia de estabelecer um observatório era ousada, considerando a falta de pessoal especializado para a tarefa e a falta de recursos devido à situação financeira precária do Império, em meio à dispendiosa (e não bem sucedida) Guerra da Cisplatina. O estabelecimento do Observatório está diretamente ligado à Academia Real dos Guardas-Marinhas e à Academia Militar na Corte (instituídas durante o período joanino), voltado para a formação de oficiais e engenheiros. A astronomia era pensada de forma utilitária e voltada para o ensino prático dos jovens oficiais da Marinha e do Exército e para a prestação de serviços geodésico, meteorológico e das efemérides astronômicas.
Embora criado em 1827, foi somente em 1846 que o Observatório foi regulamentado e passou a funcionar na prática na fortaleza da Conceição. Entre 1846 e 1850 o Observatório foi transferido para o alto do morro do Castelo, no edifício do colégio e igreja dos jesuítas, local onde permaneceu até o ano de 1920. O regulamento previa que a instituição se chamasse Imperial Observatório do Rio de Janeiro, e que deveria: “fazer todas as observações astronômicas, e meteorológicas úteis às ciências em geral, e ao Brasil em particular”, publicar anualmente um Anuário Astronômico; e formar os alunos da Escola Militar e da Academia de Marinha. Inclusive, o Imperial Observatório do Rio de Janeiro passou à estrutura da Escola Militar, sujeito ao Ministério da Guerra (1846-1877). Somente em 1881 o Observatório recebeu a competência de formar alunos que pudessem atuar como astrônomos na própria instituição.
Em 1846, o professor da Escola Militar Soulier de Sauve foi nomeado diretor, e o Observatório começou a efetivamente se desenvolver. Com sua morte em 1850, a direção passou ao professor e engenheiro Antonio Manoel de Melo, que permaneceu no cargo até 1865, quando foi substituído por Antonio Joaquim Cruvelo d’Ávila. A maior mudança sofrida pelo Observatório desde então foi a entrada do astrônomo francês Emmanuel Liais para a direção em 1871, quando o órgão foi desligado da Escola Militar (depois Escola Central) e foi criada a Comissão Administrativa do Imperial Observatório do Rio de Janeiro.
Entre 1827 e 1871, o Imperial Observatório ocupou-se principalmente da instrução dos alunos das escolas militares do Exército e da Marinha e da formação de engenheiros. Em 1877 passou a integrar o Ministério do Império (até a proclamação da República em 1889). Depois de 1871 foi reorganizado visando o desenvolvimento de pesquisas e a prestação de serviços à sociedade em meteorologia, astronomia, geofísica, na medição do tempo e na determinação da hora. Foi sob a direção de Liais que começou a empreitada para transferência do Observatório para lugar mais apropriado, o que se deu somente em 1921, com a derrubada do morro do Castelo. Foi então transferido para instalações próprias no morro de São Januário, lugar que ocupa até hoje. O sucessor de Liais foi o engenheiro e astrônomo belga Luis Cruls, que deu continuidade a seu trabalho na direção do Observatório entre 1881 e 1908. Após a proclamação da República o Observatório mudou de nome para Observatório do Rio de Janeiro, e em 1909, definitivamente, para Observatório Nacional.
Alguns dos trabalhos desenvolvidos no Imperial Observatório do Rio de Janeiro foram: estabelecimento e marcação de fronteiras, expedições para observação de eclipses solares, observação de cometas, estabelecimento de latitudes e longitudes, estudos topográficos, geodésicos e apoio à navegação, além da determinação da paralaxe solar, durante a passagem de Vênus pelo Sol, nas Antilhas, em 1882.
O fundo contém um único códice com informações meteorológicas, entre os anos de 1880 e 1889, com informações como temperatura máxima e mínima, índice pluviométrico e direção dos ventos.