Notícias
Félix Emílio Taunay (Q2)
Félix-Émile Taunay, 2º barão de Taunay (nascido em Montmorency, na França, em 1 de março de 1795 e falecido no Rio de Janeiro em 10 de abril de 1881), foi um pintor franco-brasileiro, professor e diretor da Academia Imperial de Belas Artes. Foi um dos idealizadores e realizador do projeto de ensino artístico na Academia, de acordo com os princípios trazidos pela missão artística francesa, chegada no Brasil em 1816. Era um dos cinco filhos do pintor Nicolas-Antoine Taunay, que integrou a missão artística, e que foi nomeado professor de Pintura Histórica da Academia de Belas Artes, que ainda nem existia. Não chegou a exercer a função, mas recebia pensão real e realizou diversos projetos encomendados pela corte joanina. Retornou à França em 1821, com o título de barão de Taunay. Félix-Émile, seu filho, permaneceu no Brasil e passou a dedicar-se à pintura (era farmacêutico de formação na França).
Em 1824 assumiu a cadeira de pintura de paisagem na Academia que ainda era um projeto. A Academia foi inaugurada em 1826, com o prédio de Grandjean de Montigny ainda inacabado, com a estrutura curricular ainda não concluída e com muitas disputas entre estrangeiros e brasileiros. Apesar das dificuldades, a escola contava com alunos e em 1829 realizou a primeira exposição com quatro obras de Félix-Émile Taunay, pinturas de paisagem, sua especialidade. Os Taunay foram os introdutores da pintura de paisagem no Brasil.
Com a abdicação de d. Pedro I e o retorno de Debret à França, Taunay assumiu junto com Grandjean de Montigny o protagonismo no fortalecimento da escola, reformando os estatutos e modificando o ensino. Em 1834 foi eleito para o cargo de diretor da Academia. Ele foi o responsável pela plena implantação e desenvolvimento do ensino artístico no Brasil. Permaneceu diretor até 1854, mas jubilou-se do cargo de professor em 1851, a pedido, para tratar da saúde. Foi sucedido por Manuel de Araújo Porto-Alegre.
Em 1835 foi nomeado professor de desenho e paisagem do jovem imperador e de suas irmãs. Chegou a ser sub-preceptor de d. Pedro II, de quem se tornou amigo pessoal. Em 1838 Taunay tornou-se membro fundador do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB), cujo diploma pode ser encontrado em seu arquivo privado, sob guarda do Arquivo Nacional (Rio de Janeiro). Recebeu várias honrarias, entre elas o Hábito da Ordem de Cristo (1841), a comenda da Imperial Ordem da Rosa (1867) e foi nomeado Cavaleiro da Legião de Honra da França (1843), todos documentos presentes em seu acervo.
Pintou não muitas obras, mas algumas merecem destaque. Além de alguns panoramas da cidade do Rio de Janeiro, pintou também retratos, e talvez suas obras que mais suscitem discussões até hoje sejam as: Vista da Mãe d’água (1841) e Vista de um mato virgem que se está reduzindo a carvão (1843). As duas obras visaram a provocar uma discussão sobre a importância da preservação das matas ao redor do Rio de Janeiro, que vinham sendo derrubadas indiscriminadamente para a abertura de caminhos e para o plantio, sobretudo de café. A questão das águas é importante porque Taunay, assim como outros homens de letras brasileiros, como José Bonifácio, tinham a preocupação com a extinção das fontes de água corrente com a destruição das matas no entorno da cidade.
No arquivo privado de Taunay, além dos diplomas do IHGB e da Academia Imperial de Belas Artes, encontram-se sua nomeação para professor de desenho e paisagem do imperador e das irmãs, poesias que escreveu e traduziu, projetos de prédios, correspondências, entre outros documentos.