Notícias
Família Henrique Oswald (QJ)
O fundo Família Henrique Oswald reúne a documentação acumulada pelo músico Henrique José Pedro Maria Carlos Luís Oswald (1852-1931), seu filho, o artista plástico Carlos Oswald (1882-1972) e seu neto, o também artista plástico Henrique Carlos Bicalho Oswald (1918-1965). A maior parte da documentação do fundo é do período republicano, sendo apenas pequena parte relativa ao titular do fundo do período imperial.
O fundo é composto principalmente por fotografias, cartas, cartões postais, cartões de visita de e para Henrique Oswald e o filho Carlos Oswald, recortes de jornais com notícias relativas à família (a maior parte relativa a Henrique Oswald) e partituras das obras do titular, muitas inéditas. Entre elas estão: as óperas La Croce d’Oro e Le Fate; Sinfonia Op. 43; Concerto para piano e orquestra Op. 10; Missa a 4 vozes; Sonata para violino e piano Op. 36; Quarteto para piano, violino, viola, violoncelo, Op. 26; Prelúdio e fuga para órgão n. 5; Prelúdio e fuga para orquestra; Noturno Op. 6-n. 2 para orquestra; Ofelia, il genio della foresta para orquestra; a marcha militar A República; entre outras. Destaca-se ainda o decreto do presidente Rodrigues Alves nomeando-o diretor do Instituto Nacional de Música do Rio de Janeiro. Além do Arquivo Nacional, a Biblioteca Nacional, a Biblioteca da Escola de Música do Rio de Janeiro e o Departamento de Música da Universidade de São Paulo também guardam acervo relativo ao titular, inclusive partituras inéditas.
Henrique Oswald nasceu no Rio de Janeiro, na rua dos Ourives, de uma família suíça-italiana, o pai Jean Jacques Oschwald e a mãe Maria Carlota Oraria Cantagalli (o pai atualizou a forma de escrita do sobrenome para Oswald). Transferiu-se para São Paulo ainda criança onde teve aulas de piano com Gabriel Giraudon, reconhecido professor francês estabelecido na cidade. Aos dezesseis anos foi para a Europa com destino a Alemanha, mas pela influência da mãe, acabaram instalando-se em Florença, onde estudou composição, harmonia, piano no Instituto Moriani, em especial com o pianista Giuseppe Buonamici.
Em 1872 compôs sua primeira ópera dramática em 3 atos, La Croce d’Oro, que nunca chegou a ser encenada. Em 1879 passou a receber uma bolsa de cem francos do imperador d. Pedro II, que o conheceu pessoalmente por ocasião de sua visita a Florença. A essas alturas, Henrique Oswald já tinha optado pela cidadania brasileira, apesar de também ter sido registrado como cidadão suíço. Sua primeira viagem em turnê pelo Brasil ocorreu em 1896, já República, na qual, acompanhado pelo violoncelista Cingarelli, fez diversas apresentações no Rio de Janeiro e em São Paulo, tendo êxito de público e crítica. A partir de então, passou a retornar regularmente ao Brasil em turnê.
No ano de 1900 chegou a ser nomeado chanceler do Brasil no Havre, mas não obteve sucesso na carreira diplomática. Em 1903, já consagrado na Europa inclusive com prêmios, Oswald recebeu o convite para o cargo de diretor do Instituto Nacional de Música, no qual permaneceu até 1906, quando retorna à Itália. Em 1909, em Florença, foi convidado para ser professor no mesmo Instituto Nacional de Música, e retornou definitivamente ao Brasil.
Como pianista, compôs obras para seu instrumento, mas deixou trabalhos significativos em outros gêneros: concertos para orquestras, óperas, sinfonias, concertos para violino, violoncelo, música de câmara e sacra, música para voz e piano. Foi um dos mais importantes compositores brasileiros, e de sua geração. De inspiração romântica, requintado, tinha forma impecável e ideias bastante originais.
Casou-se com Laudomia Bombernard Gasperini em 1881 e tiveram cinco filhos: o primeiro, Carlos Oswald, tornou-se pintor e foi o pioneiro da gravura no Brasil. O segundo, Alfredo, inicialmente seguiu a carreira do pai como pianista bem sucedido, mas acabou abandonando a carreira para ingressar na vida religiosa. Foi nesse momento que Henrique Oswald iniciou a fase sacra de sua obra. Teve mais três filhas, Maria Horacia, Erminie e Henriqueta. Desenvolveu relações e amizade com diversos músicos famosos de seu tempo, como Gabriel Fauré, Louis Diémer, Artur Rubinstein, tendo conhecido o próprio Franz Lizst, e até mesmo o jovem Villa Lobos.
Em 1920 recebeu a medalha do Rei Albert da Bélgica. Fora agraciado com a Legião de Honra da França, mas faleceu antes de recebê-la, em 1931 no Rio de Janeiro.