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Duque de Caxias (RT)
Luís Alves de Lima e Silva nasceu no Porto da Estrela (Magé) em 25 de agosto de 1803, filho do tenente coronel e senador Francisco de Lima e Silva, regente do Império, e de d. Mariana Cândida de Oliveira Belo. Em 1808 assentou praça de cadete no regimento do avô, José Joaquim de Lima e Silva. Estudou no Seminário de São Joaquim (futuro Colégio de d. Pedro II) e em 1818 entrou na Real Academia Militar (terminou o curso aos 20 anos de idade).
Em 1820 foi promovido a tenente e no ano seguinte se alistou no 1º batalhão de Fuzileiros. Criado o batalhão do Imperador em 1823, Luís Alves logo fez parte e foi enviado para a Bahia para combater na guerra de Independência, sob o comando do general Labatut. No ano seguinte, tornou-se capitão, em virtude de sua atuação na guerra na Bahia. Em 1825 o batalhão do Imperador foi enviado para o sul do Brasil para lutar na Campanha da Cisplatina. Apesar do fim desastroso da guerra, com a perda do território, Luís Alves foi promovido a major em 1828. Comandou o batalhão do Imperador e assistiu de perto a crise do reinado de d. Pedro I e a Abdicação de 1831. Como homem da ordem, Luís Alves manteve-se fiel ao imperador, ao contrário de sua família, que apoiou a saída de d. Pedro do Brasil. Seu pai foi regente do Império entre 1831 e 1835.
Em 1832 Luís Alves foi nomeado Comandante do Corpo de Guardas Municipais Permanentes do Rio de Janeiro, período em que ajudou o chefe de Polícia Eusébio de Queirós Coutinho Matoso da Câmara a controlar os tumultos e revoltas ocorridos no Rio de Janeiro depois da Abdicação. No ano seguinte, casou-se com Ana Luísa de Loreto Carneiro Viana, membro de uma família aristocrática fluminense. Em 1837 e 1839 foi promovido, respectivamente a tenente-coronel e coronel, e logo a seguir é enviado pelo gabinete regressista ao Maranhão, na qualidade de presidente da província e governador de armas, para reprimir a revolta que ficou conhecida como Balaiada. Chegou em São Luís em 1840 e depois de violentos confrontos, derrotou os rebeldes em 1841; foi elevado a brigadeiro e pelo serviço exercido em nome do Império recebeu o título de barão de Caxias (cidade no Maranhão). Logo depois, já em 1842, o barão de Caxias foi enviado para São Paulo, e depois para Minas Gerais, para sufocar as rebeliões liberais que eclodiam nas duas províncias, tendo se saído bem nas duas campanhas. Foi promovido a marechal de campo interino. Com suas vitórias contra as rebeliões liberais pelo país, foi fortalecendo sua posição junto ao partido conservador.
Ainda no mesmo ano de 1842, Caxias foi nomeado presidente e governador das armas da província do Rio Grande do Sul, que estava rebelada desde 1835. A Farroupilha demorou muito mais do que as outras revoltas para ser suprimida, mas Caxias conseguiu “pacificar” a província em 1845. Em virtude da importância do feito, foi confirmado marechal de campo, efetivo, e elevado a conde de Caxias. Concorreu ao Senado pelo Rio Grande do Sul e foi escolhido na lista tríplice pelo imperador. Tomou posse do cargo vitalício no ano de 1846.
Caxias, além da bem-sucedida carreira militar, também era rico fazendeiro de café, dono de escravizados, e fazia parte do partido da ordem (da ala mais tradicional do partido conservador) e da aristocracia fluminense. Entre 1851 e 1852 Caxias lutou contra Manuel Oribe e Juan Manuel Rosas na chamada Guerra do Prata, onde atuou como comandante geral das forças terrestres brasileiras. Mais uma vitória de Caxias, levou-o a ser promovido a
tenente-general e marquês de Caxias em 1852.A partir dos anos 1850, o “memorável decênio”, nas palavras de João Capistrano de Abreu, intensifica-se sua participação na política imperial. Em 1855 foi escolhido por Honório Hermeto Carneiro Leão, marquês de Paraná, para ocupar o ministério da Guerra no gabinete da conciliação, quando empreendeu uma reforma no Exército. Em 1856, Caxias veio a substituir Paraná na presidência do conselho de ministros, em virtude da morte do segundo. Ficou no cargo até o ano seguinte. Foi convocado pelo imperador a formar e presidir novo gabinete em 1861, que durou pouco, até 1862. Entre os ministros que nomeou, estava José Maria da Silva Paranhos, o futuro barão do Rio Branco.
Com o início da Guerra da Tríplice Aliança, o marquês de Caxias partiu com o imperador, como seu ajudante de campo, para o Rio Grande do Sul. Em 1866 foi nomeado para o comando unificado das forças brasileiras na guerra. Triunfou em diversas batalhas devido às suas estratégias de guerra e à organização que tentara implementar nos exércitos aliados. Em 1869, depois de ocuparem Assunção, mas ainda sem a prisão de Solano Lopez, Caxias teve um pedido de licença para tratar de sua saúde negado. Voltou para o Rio de Janeiro à revelia, com a saúde debilitada. Apesar de ter desagradado o imperador com sua atitude, recebeu ainda no mesmo ano a Ordem Imperial de Pedro I e foi elevado ao título de duque de Caxias – o mais alto da nobreza brasileira e o único do Império. Em 1870,
ano do fim da Guerra do Paraguai, o duque foi nomeado para o Conselho de Estado.Tornou-se ainda uma vez presidente do conselho de ministros, entre 1875 e 1878. O duque de Caxias tentou recusar a nomeação, em virtude de estar debilitado de saúde, mas o imperador não aceitou sua renúncia. Na prática, quem exerceu mais a presidência foi o amigo e ministro da Fazenda, o barão de Cotegipe, João Maurício Wanderley. Viveu seus últimos dias na fazenda Santa Mônica, em Valença, na província do Rio de Janeiro, e faleceu em 7 de maio de 1880. Recebeu a Grã-Cruz das Ordens Imperiais do Cruzeiro, da Rosa, de Pedro I, de São Bento de Avis e de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa. Recebeu também diversas medalhas de guerra. Foi veador do imperador Pedro II, membro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, do Supremo Conselho Militar e de Justiça, e membro honorário da Imperial Academia de Belas Artes. O duque de Caxias teve grande êxito em sua carreira militar, mas não tanto na carreira política. Em março de 1962 recebeu do governo o título de Patrono do Exército brasileiro.
O pequeno fundo privado do duque de Caxias conta com correspondências recebidas pelo titular sobre a Guerra do
Paraguai, sobre alistamento e comandos militares, além de assuntos pessoais. Há também uma cópia do histórico escolar de Luís Alves de Lima e Silva. Entre a iconografia, além de algumas fotografias pintadas à mão do titular e sua família, há uma coleção de estereoscopias de Marc Ferrez do interior da fazenda de Santa Mônica.